Em meio a uma das maiores crises de emprego já vividas no Brasil, algumas histórias se destacam como símbolo da angústia vivida pela maioria das pessoas. Entre elas está a de Rosemberg Alves da Silva, um carioca de 44 anos que passa os dias no Centro do Rio de Janeiro pedindo um novo emprego, e de uma forma bastante inusitada: com um banner enorme, que nada mais é que um currículo seu tamanho gigante, que ele leva pendurado em seu pescoço.
Uma reportagem do Metrópoles conta a história de Rosemberg, que acorda de madrugada, sai cedo de casa e passa o dia inteiro caminhando no centro do Rio, com seu currículo gigante, pedindo uma oportunidade.
“É preciso ter muita coragem e resiliência para fazer algo assim. A princípio, as pessoas não enxergam você, nem querem saber se você existe. Isso dá uma certa tristeza. Uns pararam, outros tiraram fotos. Só teve uma senhora que falou comigo, ela quis saber se eu já tinha almoçado, se queria água. Disse que sabia que era pandemia, mas me pediu um abraço, o que me deixou emocionado”, conta.
Rosemberg está desempregado desde 2017, depois de trabalhar durante 15 anos na Shell Brasil. Possui competência técnica como operador e mantenedor, em eletromecânica, eletrotécnica e eletrônica, além de treinamento em segurança do trabalho.
Ele ainda possui um macacão laranja da época em que ainda trabalhava na empresa, e sonha em conseguir um novo emprego no mesmo ramo em que trabalhou a maior parte da sua vida, mas diz que é consciente das dificuldades em concretizar isso, já que o setor foi um dos mais afetados economicamente pelas ações da Operação Lava Jato.
Nos últimos três anos, milhões de brasileiros como Rosemberg Alves da Silva ouviram as promessas dos governos de Michel Temer e Jair Bolsonaro, apoiadas pelos veículos da grande imprensa, de que as reformas trabalhista e previdenciária iriam trazer uma explosão de empregos no país e recuperar a economia. Tanto no seu caso quanto no da maioria dos demais, isso não se tornou realidade.
Além disso, ele lamenta que o racismo seja parte da realidade que dificulta o seu caminho para conseguir um novo emprego. “Quantas vezes eu participei de processos seletivos e eu era o único negro? Já estive em situações de ser mais qualificado que uma pessoa caucasiana e perder a vaga”, relata.
Também contra que tentou usar novas ferramentas, como o LinkedIn, onde criou um perfil que já tem cerca de 9,5 mil curtidas, mas que ainda não recebeu nenhuma proposta de emprego.