O diretor da associação de engenheiros e técnicos do sistema Telebras (Aesel), Ikaro Chaves, afirmou em entrevista ao Fórum Café nesta quinta-feira (19) que a privatização da Eletrobras pode transformar o Brasil "em um grande Amapá" e que os principais interessados na compra não são do setor de energia, mas sim do setor financeiro.
"Quem quer comprar a Eletrobras hoje? É o BTG Pactual, é o 3G Radar, que é do Jorge Paulo Lemann, segundo homem mais rico do Brasil. É esse pessoal que quer. O setor elétrico está na mira do setor financeiro. Se fosse privatizado para empresas de energia estrangeira, que entendem de energia, seria menos pior", afirmou.
Em meio ao apagão elétrico no Amapá, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou na quarta-feira (18) que é preciso privatizar a Eletrobras. Sem citar nomes, ele atribuiu a demora na venda da estatal por um acordo da centro-esquerda no Congresso contra privatizações.
Em outro trecho da entrevista, Ikaro Chaves desmente os argumentos utilizados pelo governo para legitimar a privatização de estatais e afirma que a empresa é lucrativa para o Estado.
"Nunca houve argumento para privatizar a Eletrobras, que é uma empresa que vende a energia mais barata do Brasil, além disso é lucrativa. A Eletronorte não usa dinheiro do governo, do Tesouro, pelo contrário. A Eletrobras depositou nos cofres do Tesouro esse ano 1,6 bilhão de reais. A gente não usa dinheiro do Tesouro, pelo contrário, a gente coloca dinheiro no Tesouro para gastar com outras coisas saúde, educação, inclusive pagar juros da dívida. O governo nunca teve argumento", afirma.
"O bom das tragédias, se é que tem algo de bom, é que podemos aprender com elas. E o que isso está colocando é que está demonstrando na prática aquilo que a gente já dizia. Estamos vendo na prática o que a privatização da Eletrobras pode causar", completa Ikaro.
Confira a entrevista completa: