Ruralistas querem liberar uso de agrotóxico banido do Brasil; PSOL cobra Anvisa para manter proibição

Nova resolução permite uso de estoques do paraquate já na próxima safra. Estudos apontam que produto pode causar Parkinson, fibrose pulmonar e intoxicações agudas

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Produtores rurais e membros da bancada ruralista estão pressionando a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para que reverta a decisão de banir o agrotóxico paraquate do Brasil. Caso a agência acate com os pedidos, estoques do produto podem ser utilizados já na próxima safra de 2020/2021.

A decisão de banir o agrotóxico foi firmada em 2017, mas passou a valer apenas em 22 de setembro de 2020. O projeto que pretende reverter a medida é de autoria do senador Luis Carlos Heinze (PP-RS), que aponta "viés político" na proibição, e deve ser debatido nesta quarta-feira (7). De acordo com o jornal Valor Econômico, o governo de Jair Bolsonaro também apoia o uso do produto.

Com isso, a bancada do PSOL encaminhou um ofício à Anvisa solicitando que o agrotóxico paraquate continue proibido no Brasil. De acordo com o partido, os produtores rurais tiveram tempo suficiente desde o anúncio da medida, em 2017, para buscar substitutos ao agrotóxico. Além disso, destacam os perigos para a saúde que o produto pode causar, classificado por eles como o "mais letal do mundo".

"Havia a possibilidade de reversão da decisão, caso novos estudos provassem que o Paraquate não causa doença de Parkinson, fibrose pulmonar ou as graves intoxicações agudas demonstradas. No entanto, nenhum estudo foi produzido com essa comprovação", diz o ofício.

A resolução que vai para votação autoriza a aplicação do herbicida nas culturas de soja, algodão, milho, cana-de-açúcar, feijão, café, trigo, batata, maçã e citrus.