Investigação feita pelo Centro Nacional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos, cujo relatório final foi obtido pela Bandeirantes nesta quinta-feira (29), aponta que a queda do helicóptero que matou o jornalista Ricardo Boechat e o piloto Ronaldo Quattrucci, em fevereiro de 2019, foi causada, principalmente, por falta de manutenção.
Segundo a Band, emissora onde Boechat trabalhava, houve uma falha em um compressor da turbina da aeronave. Esse compressor, de acordo com as investigações, estaria entupido pois não teria sido feita troca de óleo por 38 meses, quando a recomendação é que esse procedimento seja realizado uma vez por ano.
A reportagem da Band sobre as investigações do acidente indicam ainda que o piloto poderia saber que a aeronave tinha algum problema e que ignorou as recomendações de um mecânico horas antes da queda. "No dia do acidente, o piloto chegou a ver uma luz no painel que poderia comunicar algum problema, voou até uma oficina próxima a Campinas e ouviu do mecânico que o helicóptero precisaria ser desmontado. O piloto barrou que isso fosse feito, disse que cuidaria disso depois, retornou ao local onde estava Boechat e, em um procedimento considerado absolutamente atípico pelos técnicos, desceu da aeronave com as hélices em funcionamento e conduziu o jornalista pra dentro do helicóptero", diz um trecho da matéria.
Além disso, segundo a Band, o helicóptero já havia sido proibido de voar em 2017 por estar com a vistoria deste compressor que foi a base do acidente em 2019 vencida. A peça foi trocada mas, dois meses depois, teria sido substituída pelo compressor condenado.
Proibida de fazer táxi aéreo
Logo após o acidente, em 2019, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) informou que o helicóptero não podia fazer táxi aéreo, mas apenas prestar serviços de reportagem aérea. Na ocasião, Boechat retornava para São Paulo após um evento em Campinas, e a aeronave caiu na chegada à capital paulista.
“A aeronave de matrícula PT-HPG, acidentada hoje, em São Paulo, era operada e pertencia à empresa RQ Serviços Aéreos Especializados LTDA. A empresa possui autorização da Anac para prestar Serviços Aéreos Especializados (SAE), que incluem aerofotografia, aeroreportagem, aerofilmagem, entre outros do mesmo ramo. A aeronave acidentada também estava certificada na categoria SAE. Qualquer outra atividade remunerada fora das mencionadas não poderia ser prestada. Tendo em vista essas informações, a Anac abriu procedimento administrativo para apurar o tipo de transporte que estava sendo realizado no momento do acidente”, dizia a nota da Anac divulgada à época.
A Polícia Civil segue trabalhando em uma investigação, que corre sob sigilo, com o objetivo de apontar os responsáveis pelo acidente.