A teoria do “boi bombeiro” parece ser a nova lenda que o bolsonarismo pretende plantar na cabeça dos seus seguidores, tanto que o deputado Eduardo Bolsonaro escalou o biólogo Richard Rasmussem para tentar explicar porque, supostamente, uma maior presença de gado na região ajudaria a combater os incêndios.
Em vídeo publicado nesta segunda-feira (12) em suas redes sociais, o filho do presidente pergunta a Rasmussem o que é a teoria do “boi bombeiro”. O biólogo bolsonarista explicou quase não explicando nada, apenas disse que é uma teoria que os “pesquisadores sabem e não podem negar, porque o boi vai consumindo, baixando os níveis daquela massa orgânica”.
A teoria do “boi bombeiro” consiste na ideia de que o gado, por consumir pasto seco e inflamável, ajudaria a prevenir que as chamas se alastrassem. A ministra da Agricultura, Tereza Cristina Dias, foi a primeira figura do governo de Jair Bolsonaro a defender essa tese, de claro interesse dos pecuaristas, semanas atrás.
O interesse por trás dessa ideia é o de defender uma maior presença de gado na região. O problema é que ela não aborda a questão da origem desses incêndios, e esse não é um detalhe menor: muitas entidades ambientais, que alegam que são justamente os produtores de gado os responsáveis por gerar a maioria dos incêndios na Amazônia e no Pantanal, transformando florestas em áreas de pasto para os bois. Com isso, sejam eles “bois bombeiros” ou não, não servem para evitar um incêndio que foi causado justamente para transformar a floresta em fonte de comida para eles.
Rasmussem também reclama que “o boi foi embora do Pantanal, começou a ficar inviável por uma série de questões”, alegando que esta seria uma das razões pelo tamanho da devastação que a região enfrenta atualmente. Porém, segundo matéria da BBC News Brasil, a criação de gado na região do Pantanal aumentou nos últimos anos, o que além de desmentir o biólogo bolsonarista, também serve para contestar a teoria do “boi bombeiro”.
Vale lembrar que Rasmussen é o aliado de cabeceira do bolsonarismo na área ambiental, e costuma ser usado para defender as ideias do setor nesse aspecto. Ele inclusive foi nomeado embaixador do ecoturismo brasileiro pela Embratur durante o governo de Jair Bolsonaro.