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A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) publicou na tarde desta quarta-feira (15) uma nota técnica e uma avaliação sobre a crise que se formou no entorno da qualidade da água que está chegando na maioria das residências da região metropolitana do Rio de Janeiro. A instituição cobrou que as esferas federal, estadual e municipal atuem com políticas públicas em favor da proteção das águas.
"A companhia de saneamento [CEDAE] é responsável pelo controle da qualidade da água tratada, respeitando as resoluções legais. A vigilância da qualidade da água é de responsabilidade do setor da Saúde (Ministério da Saúde, Secretarias Estaduais e Municipais da Saúde), que deve garantir a segurança e qualidade da água a ser distribuída para a população", diz a reitoria ao compartilhar estudo elaborado por pesquisadores da universidade.
Com essa postura, a UFRJ tira da CEDAE a responsabilidade total pela crise, como vinha sendo imposta por meios de comunicação e pela esfera pública. A nota técnica, no entanto, não "poupa" a companhia e afirma que ela precisa dar um informe que esclareça à população fluminense sobre a real qualidade da água que tem sido oferecida. Há cerca de 10 dias começaram relatos de que a água fornecida estaria amarronzada, com gosto de terra e estaria provocando diarreias e gastroenterite.
"Diferentemente do que havia sido anunciado pela Cedae, os laudos divulgados até a manhã do dia 15/1/2020 não fazem referência à identificação da presença de geosmina, corroborando assim para a permanência da incerteza relacionada à qualidade da água distribuída para a população, que continua recebendo água com turbidez e odor em
alguns pontos da RMRJ. Ressalta-se a importância da apresentação dos resultados das análises dos demais parâmetros preconizados na legislação vigente, bem como esclarecimentos sobre a implantação de medidas tomadas pela companhia para resolução dos problemas apontados na água distribuída. A empresa anunciou que iniciará o
emprego de carvão ativado na estação de tratamento, mas não informa quando efetivamente tal medida será iniciada e quais os resultados esperados", diz trecho do documento.
Para os pesquisadores da universidade, a solução deve ser de longo prazo, porque há risco do problema voltar a acontecer. "Os investimentos necessários para essa recuperação não podem mais ser adiados e devem ser considerados prioritários e estratégicos. [...] Esse problema crônico tem reflexos altamente negativos na economia e na saúde pública, e está diretamente relacionado com a perda da qualidade da água de nossos mananciais, aumentando o risco e a vulnerabilidade das populações humanas", afirmam.
Assinam a nota Fabiana Valéria da Fonseca, da Escola de Química; Francisco de Assis Esteves, do Instituto de Biodiversidade e Sustentabilidade; Iene Christie Figueiredo e Isaac Volschan Jr, do Departamento de Recursos Hídricos e Meio Ambiente; Renata Cristina Picão, do Instituto de Microbiologia Paulo de Góes; e Sandra Maria Feliciano de Oliveira e Azevedo, do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho.