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A servidora pública Etiene Martins, gerente de Prevenção à violência e criminalidade juvenil na Secretaria de Segurança e Prevenção de Belo Horizonte, foi exonerada nesta quarta-feira (18) pelo prefeito da capital mineira, Alexandre Kalil, cerca de dois meses depois de publicar texto nas redes sociais denunciando ataques racistas que recebeu durante a gestão.
"Pois é, depois de tudo quem o Prefeito Alexandre Kalil exonera? Eu, a mulher negra que não abaixa a cabeça e consciente dos seus direitos e de sua competência afronta o racismo. [...] São quinhentos anos contando uma história repetida. E na Prefeitura de Belo Horizonte o racismo é institucional e oficial assinado pelo Alexandre Kalil", disse Martins em publicação.
Na postagem ela também relembra os dois casos de racismo mais graves que sofreu e destaca que os dois servidores continuam atuando na prefeitura. "Quem ele mantem em seu quadro trabalhando armado? O guarda Luzardo Damasceno que diz pra quem quiser ouvir que preto bom é preto morto. Quem o Prefeito mantem recebendo 10 mil reais por mês como cargo de sua inteira confiança? A diretora Márcia [Cristina Alves] racista que escreve e-mail dizendo que mulher preta tem mesmo é que limpar chão", denunciou.
Os dois casos foram levados à Corregedoria da Prefeitura, mas não apresentaram progressos. A agressão feita por Márcia Cristina, Diretora de Prevenção Social ao Crime e à Violência, veio quando ela decidiu abrir Boletim de Ocorrência contra o segurança, que disse que "preto bom é preto morto". Por meio de e-mail institucional, a diretora mandou a seguinte mensagem à gerente: “Depois da sua argumentação de hoje, você me fez constatar que para representar a SMSP (Secretaria Municipal de Segurança e Prevenção) é necessário um gerente branco como o Sebastião e o lugar de negra é limpando o chão”.
A exoneração foi publicada na edição do Diário Oficial do Município (DOM) da última quarta. Segundo Gabriel Ronan e Larissa Ricci, do Estado de Minas, a Prefeitura afirma que Martins pediu para ser exonerada no dia 3 de julho deste ano, antes das denúncias, mas a demissão foi negada até que a Corregedoria desse um parecer sobre o caso.
Na apuração, o guarda municipal foi absolvido e, segundo a corporação, ele passa por qualificação. A denúncia contra Maria Cristina está sendo apurada pela delegacia de crimes cibernéticos da Polícia Civil.
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