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Presidente da empresa brasileira Léros, ligada ao clã Bolsonaro e investigada pelo Congresso do Paraguai por negociar vantagens no acordo de compra de energia em Itaipu, Kleber Ferreira já foi condenado em duas instâncias na Justiça de São Paulo por dar um calote no mercado de energia no Brasil. O caso ocorreu em 2008, dois anos antes da criação da Léros, e ação de cobrança chega a R$ 713 milhões.
Ferreira e seu ex-sócio, Francisco de Lavor, foram acusados pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), entidade que gerencia o mercado livre de energia no Brasil, de vender e não entregar R$ 208 milhões em energia. Na semana passada, os condenados apresentaram um último recurso ao Judiciário paulista e devem recorrer ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) em caso de nova derrota.
“Vendeu o que não possuía, levantou o lucro obtido com a venda de energia e, ao invés de depositar na CCEE para que esta Câmara destinasse os valores aos agentes que foram impactados pela inadimplência da União, simplesmente optou por embolsar R$ 30 milhões”, diz a CCEE no processo.
A Léros é pivô na crise política que afeta o governo do Paraguai. Documentos divulgados pela imprensa paraguaia provam que a empresa de Kléber Ferreira, de fato, propôs uma oferta ilegal de compra de energia para a Administração Nacional de Eletricidade (Ande), estatal paraguaia que negocia os excedentes da Usina de Itaipu. Os planos eram revender essa energia mais caro no Brasil e dividir o lucro com a estatal. De acordo com o Itamaraty, o trâmite é ilegal e o acordo foi desfeito.
No acordo entre a Léros e o governo paraguaio, um dos termos – classificado pela mídia paraguaia como item 6 – teria sido excluído para beneficiar a empresa brasileira, do setor de energia. O “item 6” estava no projeto original do acordo e dizia que a Administración Nacional de Electricidad (ANDE), do Paraguai, poderia comercializar energia excedente no mercado brasileiro, afetando os negócios da Léros. Técnicos da estatal paraguaia Ande reclamam não ter participado das reuniões que decidiram o acordo, beneficiando apenas o comércio brasileiro.