Servidora denuncia racismo institucional persistente em Secretaria de Segurança de Belo Horizonte

Etiene Martins, gerente de Prevenção à violência e criminalidade juvenil na Prefeitura de Belo Horizonte, relata que diretora a atacou dizendo que "lugar de negra é limpando o chão"

Reprodução/Facebook
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Etiene Martins, gerente de Prevenção à violência e criminalidade juvenil na Secretaria de Segurança e Prevenção de Belo Horizonte, publicou em seu Facebook um texto denunciando atos racistas que sofreu durante os dois anos em que esteve à frente do posto. Segundo a servidora, o primeiro caso que lhe agrediu aconteceu em novembro do ano passado, quando um guarda municipal que trabalha na secretaria disse a ela que "Preto bom é preto morto", logo após um seminário da prefeitura que contava sobre jovens negros que morrem vítimas de assassinato. Ela questionou o guarda, que agiu com naturalidade, e então entrou com uma queixa na corregedoria da secretaria. Como resposta, a corregedora disse que a frase era apenas "inapropriada para o local e trabalho" e não configurava dolo. Etiene, então, decidiu fazer um Boletim de Ocorrência (BO) contra o guarda, que havia admitido em depoimento à Corregedoria que disse a frase "mas não falou por maldade e que foi de pura alma e que era só uma brincadeira". Ela ainda contou que o secretário Genilson Zeferino a aconselhou a não abrir o BO porque tornaria o ambiente "insustentável". Ela discordou: "o ambiente já estava insustentável pra mim, era uma tortura dividir o mesmo elevador e ambiente com esse guarda que trabalha armado, sinceramente eu morria de medo". Um dia depois de fazer o BO, a servidora recebeu um e-mail de sua chefe imediata, a Diretora de Prevenção Social ao Crime e à Violência, Márcia Cristina Alves, que dizia simplesmente que: "Depois da sua argumentação de hoje, você me fez constatar que para representar a SMSP (Secretaria Municipal de Segurança e Prevenção) é necessário um gerente branco como o Sebastião e o lugar de negra é limpando o chão". "Foram um ano e sete meses de racismo velado, mensagens subliminares até que mais direta impossível. O fato da corregedoria não ter punido o guarda deu a ela coragem de fazer o mesmo. Eu já cansada de tudo isso foquei no trabalho e fiz vistas grossas, mas chega uma hora que a gente não dá conta e entreguei junto ao meu pedido de exoneração esse e-mail", contou Etiene. Ela foi transferida de setor pelo secretário após pedir exoneração e abriu novo processo corregedoria. Cerca de um mês depois da oficialização da queixa, ela foi atrás de informações relativas a datas e ao andamento do processo, mas teve o pedido prontamente negado. O responsável apenas se limitou a dizer que "será chamada a depor". Confira a postagem: https://www.facebook.com/etiennemarttins/posts/2304219189614836