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Neste domingo (28), os indígenas do Conselho das Aldeias Wajãpi divulgaram mais informações sobre a invasão de garimpeiros na aldeia Mariry, no Amapá, que ocorre desde sexta-feira (26).
No documento foi divulgado que, na segunda-feira (22), o chefe Emvra Wajãpi foi encontrado morto na região da aldeia Waseity, próxima à aldeia Mariry. A morte não teve testemunhas e os Wajãpis só receberam a notícia do assassinato do cacique na manhã de terça-feira (23).
Nos dias seguintes, os indígenas encontraram sinais de que a morte teria ocorrido fora da terra Wajãpi por não-indígenas.
Na sexta-feira, dia 26, os indígenas da aldeia Yvytõ, que fica na mesma região, encontraram um grupo de não-indígenas armados. Assim que souberam dos invasores eles notificaram as outras aldeias Wajãpi pelo rádio que compartilham entre si.
Durante a noite de sexta-feira, os invasores conseguiram entrar na aldeia Yvytotõ e uma das casas. Eles passaram então a ameaçar os moradores, que fugiram na manhã de sábado (27) para a aldeia Mariry.
Segundo a nota do Conselho das Aldeias Wajãpi, os indígenas notificaram a Funai e o Ministério Público Federal para que a Polícia Federal fosse acionada.
Durante a tarde de sábado (27), os representante da Funai foram até a aldeia Jakare para conversar com os parentes do chefe morto. Após a entrevista, voltaram para o Macapá e acionaram a Polícia Federal. Por conta da falta da PF, os guerreiros Wajãpi ficaram de guarda nas aldeias perto do local em que os invasores estavam.
O comunicado também diz que, durante a madrugada de sábado para hoje, tiros foram ouvidos na região da aldeia Jakare, junto à BR 210. Também foi divulgado que, na manhã deste domingo, um grupo da Polícia Federal e do BOPE chegou até as aldeias para prender os invasores, mas ainda não há mais informações.
Confira a nota completa:
"NOTA DO APINA SOBRE A INVASÃO DA TERRA INDÍGENA WAJÃPI
Nós do Conselho das Aldeias Wajãpi – Apina queremos divulgar as informações que temos até agora sobre a invasão da Terra Indígena Wajãpi.
2ª feira, dia 22/07, no final da tarde, o chefe Emyra Wajãpi foi morto de forma violenta na região da sua aldeia Waseity, próxima à aldeia Mariry. A morte não foi testemunhada por nenhum Wajãpi e só foi percebida e divulgada para todas as aldeias na manhã do dia seguinte (3ª feira, dia 23). Nos dias seguintes, parentes examinaram o local e encontraram rastros e outros sinais de que a morte foi causada por pessoas não-indígenas, de fora da Terra Indígena.
6ª feira, dia 26, os Wajãpi da aldeia Yvytotõ, que fica na mesma região, encontraram um grupo de não-índios armados nos arredores da aldeia e avisaram as demais aldeias pelo rádio. À noite, os invasores entraram na aldeia e se instalaram em uma das casas, ameaçando os moradores. No dia seguinte, os moradores do Yvytotõ fugiram com medo para outra aldeia na mesma região (aldeia Mariry). No dia 26 à noite nós informamos a Funai e o MPF sobre a invasão e pedimos para a PF ser acionada. Na madrugada de sexta para sábado, moradores da aldeia Karapijuty avistaram um invasor perto de sua
aldeia.
No dia 27, sábado, nós começamos a divulgar a notícia para nossos aliados, na tentativa de apressar a vinda da Polícia Federal. Um grupo de guerreiros wajãpi de outras regiões da Terra Indígena foi até a região do Mariry para dar apoio aos moradores de lá enquanto a Polícia Federal não chegasse. No dia 27 à tarde, representantes da Funai chegaram à TIW e foram até a aldeia Jakare entrevistar parentes do chefe morto, que se deslocaram até lá. Os representantes da Funai voltaram para Macapá para acionar a Polícia Federal. Os guerreiros wajãpi ficaram de guarda próximo ao local onde os invasores se encontram e nas aldeias que ficam na rota de saída da Terra Indígena. Durante a noite, foram ouvidos tiros na região da aldeia Jakare, junto à BR 210, onde não havia nenhum Wajãpi.
No dia 28 pela manhã um grupo de policiais federais e do BOPE chegou à TIW e se dirigiu ao local para prender os invasores. Isso é o que sabemos até agora. Quando tivermos mais informações faremos
outro documento para divulgação.
Posto Aramirã – Terra Indígena Wajãpi, 28 de julho de 2019."