Ipea: Com 65 mil mortes, homicídios batem recorde no país; jovens negros são as maiores vítimas

Relatório Atlas da Violência, divulgado nesta quarta-feira (5) pelo Ipea, mostra que mais de 75% das mortes violentas intencionais foram de indivíduos negros, e mais da metade, de jovens entre 15 e 29 anos

Parentes de jovens mortos pela violência policial fazem manifestação em frente ao Tribunal de Justiça do Rio (Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil)
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O Brasil registrou 65.602 mortes violentas intencionais no ano de 2017, segundo o relatório do Atlas da Violência 2019, publicado nesta quarta-feira (5) pelo IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) em conjunto com o Fórum Nacional de Segurança Pública. Destas mortes, mais de 75% foram de indivíduos negros, e mais da metade, de jovens entre 15 e 29 anos. Isso coloca o homicídio como a principal causa de morte entre jovens brasileiros. “Esse nu?mero representa uma taxa de 69,9 homici?dios para cada 100 mil jovens no pai?s, taxa recorde nos u?ltimos dez anos. Homici?dios foram a causa de 51,8% dos o?bitos de jovens de 15 a 19 anos; de 49,4% para pessoas de 20 a 24; e de 38,6% das mortes de jovens de 25 a 29 anos”, expõe o relatório. Um estudo mencionado afirma ainda que as mortes violentas de jovens custaram ao Brasil cerca de 1,5% do PIB nacional em 2010. Dentro da questão racial, o estudo revela que para cada não negro (branco, indígena ou amarelo, segundo critério de autoatribuição usado pelo IBGE) morto no Brasil, quase 3 negros (pretos e pardos) foram assassinados. Esse cenário vem piorando ao longo da última década; enquanto o índice de homicídios de não negros aumentou 3,3% de 2007 a 2017, o de negros aumentou 33,1%. Esses índices se refletem na taxa de homici?dios por 100 mil habitantes. Enquanto de indivíduos negros foi de 43,1, a de não negros foi de 16. O número é pior em Estados do nordeste, como no caso de Alagoas, que tem a quinta pior taxa de negros mortos por 100 mil habitantes, perdendo apenas para vizinhos como Rio Grande do Norte, Sergipe e Ceará, mas onde um negro tem 18 vezes mais probabilidade de ser morto que um não negro. “É estarrecedor notar que a terra de Zumbi dos Palmares e? um dos locais mais perigosos do pai?s para indivi?duos negros, ao mesmo tempo que ostenta o ti?tulo do estado mais seguro para indivi?duos na?o negros”, diz o relatório, e completa: “Em termos de vulnerabilidade a? viole?ncia, e? como se negros e na?o negros vivessem em pai?ses completamente distintos”. Como conclusão, os pesquisadores afirmam que “Fica evidente a necessidade de que poli?ticas pu?blicas de seguranc?a e garantia de direitos devam, necessariamente, levar em conta tais diversidades, para que possam promover mais seguranc?a aos grupos mais vulnera?veis”. O Atlas da violência utiliza dados do SIM (Sistema de Informações de Mortalidade), do Ministério da Saúde. Leia a íntegra do Atlas da Violência