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Gravações feitas em 2016 revelam que os procuradores da Lava Jato já agiam há tempos de modo irregular na busca de condenar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na busca de evidências que pudessem comprovar que Lula era dono de fato do sítio em Atibaia atribuído a ela pela operação, Athayde Ribeiro Costa, Roberson Henrique Pozzobon, Januário Paludo e Júlio Noronha tentaram intimidar um prestador de serviços na cidade localizada a 70 km de São Paulo.
“Então seu Edivaldo, quero deixar o senhor bem tranquilo, mas, por exemplo, se a gente chamar o senhor oficialmente para depor daqui a alguns dias, e você chegar lá pra mim e falar uma coisa dessas…”, ameaça um dos procuradores a Edivaldo Pereira Vieira, segundo reportagem publicada na época por Marcos de Vasconcellos para o site Consultor Jurídico.
A gravação, feita pelo filho de Vieira quando foram visitados pelos procuradores, mostra ainda que Vieira foi intimado a falar o que desejava o quarteto. Após dizer que não conhecia Jonas Suassuna nem o sítio Santa Bárbara, Vieira escutou de um dos funcionários do MPF:
“Então, por exemplo, aí eu te apresento uma série de documentações. Aí fica ruim pro senhor, entendeu?”
O prestador de serviços não era acusado de nada pelos procuradores, que afirmavam que ninguém o queria processar. No entanto, seu nome aparece na lista de alvos de mandado de busca e apreensão da 24ª etapa da operação “Lava Jato”, assinada pelo então juiz federal Sérgio Moro, e que investigava se o ex-presidente Lula seria o dono de sítio em Atibaia.
Lula foi condenado em fevereiro deste ano pela substituta de Moro na 13ª Vara Federal de Curitiba, Gabriela Hardt, a 12 anos e 11 meses de prisão no caso do sítio em Atibaia. A juíza de primeira instância o condenou por corrupção e lavagem de dinheiro no processo do qual a defesa está recorrendo. O processo chegou em maio deste ano ao TRF-4 (Tribunal Regional Federal da Quarta Região), em Porto Alegre, e não tem data para ser julgado pelo colegiado.