Médico do Paraná é preso após reclamar de atrasos no salário
Rogério Perillo, que clinicava no pronto-socorro municipal de Guaratuba (PR), disse que está há 60 dias sem receber salário e informou que, por isso, só atenderia pacientes de casos urgentes; polícia foi acionada e profissional foi algemado e detido em frente ao hospital. Assista
Tem circulado nas redes sociais um vídeo que mostra um médico sendo algemado e detido em frente a um hospital enquanto pede "socorro" por estar há 60 dias sem receber salário. O caso aconteceu na última segunda-feira (3) em Guaratuba, litoral do Paraná.
O médico Rogério Perillo estava de plantão no pronto socorro municipal e, em protesto aos atrasos de salário, informou que só atenderia a pacientes que tivessem quadro de urgência. A mãe de uma paciente, então, acionou a polícia, que foi até o local e prendeu o profissional de saúde.
"Sessenta dias sem receber. Colocando eu aqui, ó, preso, algemado, algemado. Socorro, socorro. São sessenta dias sem receber. Fazendo isso comigo. Estão me levando preso porque eu estou querendo receber meu dinheiro. Socorro, socorro, pessoal!", gritava Perillo enquanto era detido pelos policiais.
A prefeitura de Guaratuba informou, por meio de nota, que o médico não era funcionário do município mas, na verdade, contratado de uma empresa terceirizada, a Exalife Serviços Médicos, que divulgou uma nota informando que a manifestação do médico é "mentirosa e equivocada" e que rechaça sua atitude.
A defesa de Perillo, por sua vez, divulgou uma nota em que destacou o "excesso" dos policiais. "A defesa entende que houve um excesso por parte das autoridades envolvidas na condução do médico Rogério Perillo, tendo em vista que o profissional se encontrava em seu local de trabalho e foi submetido a situação vexatória com uso de algemas perante seus pacientes que se encontravam naquela unidade de pronto atendimento", escreveu o advogado Cristiano da Silva Nascimento.
O médico foi liberado no mesmo dia na parte da noite.
Confira, abaixo, a íntegra da nota da defesa e, na sequência, o vídeo que mostra o momento da prisão do médico.
"A defesa entende que houve um excesso por parte das autoridades envolvidas na condução do médico Rogério Perillo, tendo em vista que o profissional se encontrava em seu local de trabalho e foi submetido a situação vexatória com uso de algemas perante seus pacientes que se encontravam naquela unidade de pronto atendimento.
O médico Rogério Perillo na situação desagradável de estar a mais de 60 dias sem receber e após diversas tentativas administrativas frustradas, não encontrou outra saída a não ser exercer seu direito Constitucional de liberdade de expressão, expondo a situação aos populares que ali se encontravam.
A acusação que o médico teria negado atendimento trata-se de uma acusação mentirosa, que foi inclusive demonstrada através de vídeos gravados por populares e expostos em redes sociais, onde o médico afirma que não negaria atendimento.
A defesa confia na justiça e em suas autoridades e tem plena certeza que a inocência do Dr. Rogério Perillo restará plenamente demonstrada.