Contra fechamento de fábrica em São Bernardo, Metalúrgicos vão à sede da Ford nos EUA

“Desde que fomos surpreendidos pela decisão de fechamento, todos os nossos esforços têm sido realizados focando a reversão desse processo e a manutenção da fábrica", afirmou o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Wagner Santana

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Wagner Santana, em live com os trabalhadores (Reprodução)
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Por ABCD Maior  O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC recebeu ontem (21) a confirmação de que será recebido pela direção mundial da Ford, em Dearborn, Michigan (EUA), para discutir o futuro da fábrica de São Bernardo do Campo. A reunião foi solicitada pela direção do sindicato, logo após ser surpreendida pelo anúncio de fechamento da planta, na terça-feira (19). A data do encontro está sendo acertada entre os participantes e deverá ser definida nos próximos dias. Também na tarde de ontem (21), o presidente do sindicato, Wagner Santana, o Wagnão, se reuniu com a procuradora do Ministério Público do Trabalho, Sophia Villela de Moraes e Silva, no MPT de São Bernardo, para discutir a situação dos trabalhadores. “Desde que fomos surpreendidos pela decisão de fechamento, todos os nossos esforços têm sido realizados focando a reversão desse processo e a manutenção da fábrica, com seus 4,2 mil trabalhadores e outros cerca de 25 mil da cadeia produtiva”, afirmou. Segundo ele, o objetivo agora é dialogar com a direção mundial da montadora. “Vamos à matriz discutir com a direção mundial, conversamos com prefeito da cidade e teríamos conversado com o governador na manhã de hoje (ontem, 21), se ele tivesse convidado a representação dos trabalhadores para participar, já que a pauta envolvia o futuro de milhares de metalúrgicos. Não vamos desistir de manter uma empresa com essa importância em nossa região”, destacou Wagnão. A Ford anunciou o fechamento da montadora em São Bernardo e o fim da fabricação de caminhões na América Latina em comunicado aos representantes do sindicato durante reunião com o presidente da Ford América do Sul, Lyle Watters. O encontro, solicitado pela entidade sindical, estava agendado desde o fim de janeiro, quando foi iniciado um processo de mobilização dos trabalhadores para cobrar investimentos na unidade. “Nossa direção foi ao encontro para discutir um calendário de negociações para a vinda de novos produtos, conforme estava previsto no acordo firmado em 2017, mas de início a empresa comunicou o fechamento, que seria em seguida anunciado para a imprensa. Deixamos a reunião para fazer de urgência uma assembleia com os trabalhadores, para que eles não fossem avisados pela internet, o que seria um absurdo. Tem gente lá com 25, 28 anos de casa”, afirmou o presidente dos Metalúrgicos do ABC. Após o anúncio, o sindicato orientou os trabalhadores para que fossem para casa e só retornassem à fábrica na próxima-terça feira (26), quando haverá uma nova assembleia, em frente à empresa, às 6h30. Desde então, a fábrica está parada. “Não tinha clima para ninguém voltar ao trabalho, até por uma questão de segurança. Estamos fazendo nossas articulações e avaliando de que forma se dará nossa mobilização e nossa resistência. Mas ela haverá e será dura”, reforçou o sindicalista.