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Em entrevista coletiva concedida no domingo e divulgada nas redes sociais nesta segunda-feira (2), os voluntários da Brigada Alter do Chão que foram presos no último dia 26 durante operação da Polícia Civil comentaram sobre o choque ao saber das acusações do processo e sobre as fake news que têm sido divulgadas contra eles.
Todos disseram ter ficado surpresos com a ação da polícia na Operação Fogo no Sairé, principalmente por eles atuarem em parceria com as autoridades e terem uma relação muito próxima com o Corpo de Bombeiros. Os bombeiros, inclusive, já doaram materiais para os brigadistas e atuam na capacitação dos voluntários.
Fogo contra fogo
Entre as doações está um pinga-fogo, instrumento usado para fazer o chamado contra-fogo. Essa técnica tem como objetivo usar fogo contra fogo para apagar incêndios. A principal acusação contra o grupo é que eles estariam "incendiando a floresta para depois apagar", com o objetivo de registrar fotos e vídeos.
"É revoltante a gente ser preso por conta de uma coisa completamente oposta aquilo que a gente acredita", disse Marcelo Aron. "Foi estarrecedor pensar que a gente estava sendo suspeito de um crime ambiental, sendo que tudo o que a gente faz é para proteger o meio ambiente e não é de agora, é de muito tempo", completou.
Daniel Gutierrez, líder do grupo, disse que os brigadistas colaboraram com a Polícia desde o início com o objetivo de esclarecer o caso. "A gente levou tudo o que a gente tinha para colaborar com as investigações e a gente ficou muito feliz em colaborar. Deixamos com eles gigas de material e fotos", contou. "Eu e o João somos fotógrafos. A gente faz imagens durante o incêndio porque não é qualquer um que tem coragem de ir até lá, então a gente precisa mostrar o que está acontecendo", disse ainda.
WWF e Leonardo DiCaprio
Os brigadistas também comentaram sobre a relação com a ONG WWF e o ator Leonardo DiCaprio, envolvido no caso pelo presidente Jair Bolsonaro. “Realmente a gente não recebeu nada do Leonardo DiCaprio. A gente realizou duas campanhas de arrecadação veiculadas nos nossos próprios meios de comunicação. A primeira foi para a realização do curso [de brigadistas], em julho”, disse Aron.
Eles contaram ainda que a única relação com a WWF foi através de um contrato de parceria técnico-financeira que comprou equipamentos para os voluntário atuarem no combate às queimadas.
"O que a gente mais quer nesse momento é que a vida volte ao normal, é poder retomar os trabalhos na brigada, mas tá impossível agora. A gente está vivendo 12 horas de cada vez. Por conta das fake news espalhadas sobre a gente, nós estamos em perigo. O portão da minha casa foi arrombado. A gente recebe ameaças diárias em grupos de WhatsApp de Alter do Chão", relatou ainda Gutiérrez.
Assista à íntegra da coletiva dos brigadistas aqui