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Novas imagens de satélite registradas nesta sexta-feira (15) pelo Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis), vinculado à Universidade Federal de Alagoas (UFAL), detectaram a possível embarcação responsável pelo vazamento de óleo nas praias nordestinas. Sem ter seu nome revelado, uma fotografia divulgada pelo pesquisador Humberto Barbosa, do Lapis, mostra que o navio é alemão e presta serviços a uma empresa da Arábia Saudita.
De acordo com Diogo Schelp, do UOL, trata-se do Voyager I, navio-tanque de bandeira das Ilhas Marshall que está registrado em nome da Gulf Marine Management Deutschland, ou GMM(D), empresa com sede em Hamburgo, na Alemanha. No entanto, segundo uma descrição de 2011, a GMM(D) opera navios a serviço da Saudi Pacific Star, empresa com sede em Riade, na Arábia Saudita.
O presidente Jair Bolsonaro esteve recentemente com uma das autoridades da Arábia Saudita. Em viagem ao Oriente Médio, Bolsonaro (PSL) se reuniu com o príncipe saudita Mohammed bin Salman, que coleciona diversas polêmicas e crises diplomáticas. Além do recente embate econômico com o Irã, Salman é apontado pela agência de inteligência norte-americana (CIA) e pela ONU como mandante do assassinato do jornalista Jamal Khashoggi, do Washington Post, dentro do consulado saudita na Turquia no ano passado.
O Voyager I costuma ser usado para transportar petróleo da Venezuela para a Ásia. Já que as exportações de petróleo cru venezuelano estão sob sanção dos Estados Unidos desde o início do ano, poucas empresas se arriscam a fazer o transporte e alguns navios desligam o sistema da rastreamento para ocultar o destino do produto. Esse fenômeno, inclusive, foi observado no Voyager I.
Segundo pesquisadores do Lapis, ele não transmitiu, de forma regular e sem interrupções, todas as informações de sua faixa de Automatic Identification System (AIS, sistema de monitoramento de embarcações usado internacionalmente).
Ainda de acordo com o laboratório, a embarcação não transmitiu consistentemente seu sinal de rastreamento público, o que viola o direito marítimo internacional, fato que torna o navio ainda mais suspeito pelo desastre.