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[caption id="attachment_139342" align="alignnone" width="700"] Foto: Divulgação/UFSC[/caption]
A representação estadual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) divulgou uma nota de repúdio em relação às denúncias feitas pelo Ministério Público Federal contra integrantes da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). O reitor Ubaldo Cesar Balthazar e o chefe de gabinete da reitoria Áureo Mafra de Moraes foram denunciados por terem supostamente “ofendido a honra funcional” da delegada da Polícia Federal Érika Mialik Marena.
O mais estranho da medida é que a ação criminal contra ambos foi para as mãos de Janaína Cassol, juíza federal que autorizou a prisão injustificável de Luiz Carlos Cancellier de Olivo, ex-reitor da instituição, que se suicidou em outubro de 2017, em razão da injustiça e da humilhação que sofreu.
Acompanhe a íntegra da nota:
SBPC-SC vem a público repudiar a denúncia do MPF em relação a manifestações públicas realizadas na UFSC
Apenas algumas semanas após nossa manifestação de repúdio referente às notícias da existência de um inquérito policial visando limitar, reprimir ou punir atos de manifestação pública ocorridos dentro do campus da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) em dezembro de 2017, a Secretaria Regional da SBPC em SC manifesta, mais uma vez, sua perplexidade, preocupação e repúdio às mais recentes notícias relacionadas ao fato, divulgadas na última sexta-feira, 24/08. O inquérito mencionado deu origem a uma denúncia do Ministério Público Federal de Santa Catarina contra o atual reitor e o chefe de gabinete da UFSC, por suposto crime de injúria, por haverem discursado diante de uma faixa de manifestantes não identificados, que estariam ofendendo a honra de uma Delegada da Polícia Federal.
Além de demonstrar um total descompasso com os princípios mais básicos da expressão democrática que é típica dos ambientes acadêmicos, a atitude repressora reflete uma gigantesca contradição, justamente em um momento histórico em que a Polícia Federal e o Ministério Público Federal vêm sistematicamente divulgando na grande mídia nomes e imagens de professores, pesquisadores e instituições de ensino superior do país, ferindo assim gravemente suas reputações, sob acusações das mais diversas, sem qualquer preocupação com as consequências devastadoras desta incompreensível campanha midiática.
Pois é justamente neste contexto, que a exposição de uma foto com frases de crítica ao abuso de poder, de autoria de manifestantes anônimos e veiculadas em jornal de circulação local, é vista como ato de ofensa grave. Parece-nos evidente a desproporção, falta de equidade e diferença de critério, quando supostas ofensas à honra são dirigidas a representantes da polícia em comparação com aquelas dirigidas a representantes da ciência brasileira. Neste sentido, a representação estadual da SBPC continuará a repudiar qualquer tentativa de criminalização e censura à manifestação pacífica de ideias dentro ou fora dos ambientes acadêmicos.