Candidato ruralista, Oscar Maroni arrenda fazenda polêmica, de R$ 55 milhões, para a Cosan

Dono do Bahamas também cria cavalos em propriedade já ocupada por sem-terra e leiloada por dívida trabalhista; ele aponta MST como motivação para comemorar prisão de Lula

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Por Alceu Castilho, no De Olho Nos Ruralistas Toca o telefone no Bahamas Hotel Club. O psicólogo e fazendeiro Oscar Maroni Filho – dono do bordel em São Paulo – atende e pergunta qual o perfil do De Olho nos Ruralistas, de que lado está o observatório. “Porque pode ser dos sem-terra fazendo essas palhaçadas”, explica. Conta que já foi comunista, acreditou em reforma agrária. “Até ficar rico.” Ele responde objetivamente às perguntas, a começar da primeira: o que foi feito da Fazenda Santa Cecília, em Araçatuba (SP), ocupada cinco vezes por sem-terra, leiloada pela justiça trabalhista e depois colocada à venda, por R$ 55 milhões? “Você está pegando a época que Pedro Álvares Cabral chegou ao Brasil”, diz ele. Maroni faz questão de pronunciar frases de efeito ao longo da entrevista. Pré-candidato a deputado federal pelo PROS (o número de urna terá o final 69), ele conta que a Fazenda Santa Cecília da OMF – iniciais de Oscar Maroni Filho –, no oeste paulista, foi arrendada para a Cosan. A rigor, 600 dos 700 alqueires. “Está lá, plantado com cana. A Cosan vai desenvolver um centro de pesquisa com a Shell”. A brasileira Cosan e a anglo-holandesa Shell compõem a multinacional Raízen, a maior exportadora brasileira de açúcar. Os 100 alqueires restantes (240 hectares do total de 1.685 hectares) continuam com Maroni: a sede, o gado, o haras. “Vou voltar a confinar gado, agora com seleção de carnes especiais”, conta. “Estou estruturando com técnico da Luiz de Queiroz para desenvolver carnes especiais.” Ele se refere à Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, o polo de agronomia da Universidade de São Paulo (USP). A propriedade que já pertenceu ao grupo Liquifarm, do Vaticano, chegou a ir a leilão, há dois anos, por dívidas trabalhistas. Segundo o fazendeiro, de R$ 42 mil. O lance mínimo estabelecido pela 1ª Vara do Trabalho de Araçatuba, na ação movida pela União, era de R$ 31,2 milhões. Mas o leilão acabou sendo sustado. “De modo inteligente fui até o último dia, fiz o pagamento e não foi a leilão”, orgulha-se Maroni. MST ocupou fazenda cinco vezes A propriedade estava avaliada pelo Tribunal Regional do Trabalho em R$ 55 milhões. Exatamente o preço pelo qual o fazendeiro tentou vendê-la, posteriormente. “Passei um período muito delicado da minha vida onde tive durante seis anos tive cinco invasões de sem-terra”, relata. “Falei: Vou vender a fazenda.” Diante de novo período de estabilidade, ele desistiu. – Coloquei à venda porque estava se tornando impraticável ser um homem da atividade rural no Brasil. Lei não funciona, propriedade privada não tem o respeito que tem de ter. Constituição é uma merda, feita pelo senhor Ulysses [Guimarães], que foi político a vida inteira, para beneficiar os políticos. E cada um a interpreta como quer. Ela incentiva pessoas que não têm vocação nenhuma para a terra, com funções politiqueiras, de movimentos de pessoas que nunca trabalharam. Uma das cinco ocupações feitas por movimentos de sem-terra – três delas internas, duas vezes na frente da propriedade – ocorreu em 2009. Na época o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) estava à frente da ocupação. “Cheguei a falar com o José Rainha [ex-líder do MST], uma pessoa muito simpática”, relata Maroni. “Ele me disse: sua fazenda dá mais ibope que a do Fernando Henrique Cardoso. Ganhei todos os processos na Justiça. PM arrancou todos lá de dentro.” O MST defendia a desapropriação para fins de reforma agrária. O movimento alegou na época que queria chamar a atenção para os baixos índices de produtividade de 20 fazendas da região. “Os fazendeiros estão mascarando as propriedades para aparentes altos índices de produtividade”, disse uma das lideranças, Jonas da Silva. O fazendeiro, que arrendava a propriedade para cana e gado, a definia como “um modelo de pecuária”. Maroni sobe o tom ao falar do MST, em específico, movimento que ele já chamou de “terrorista”, e dos camponeses sem-terra, de um modo geral. “A propriedade privada é tão sagrada quanto a sala de sua casa”, filosofa. “Todo fazendeiro deveria ter autorização especial para possuir armas para não ser invadido. Ficamos no meio do mato, sujeitos a invasão de irresponsáveis, inconsequentes.” Leia a reportagem completa no De Olho Nos Ruralistas.