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A entrevista coletiva para tratar da intervenção militar no Rio de Janeiro, na manhã desta terça-feira (27), foi mais um pronunciamento do que uma entrevista coletiva. Os jornalistas não tiveram a liberdade de perguntar ao longo da entrevista e tiveram que escrever suas questões em um papel para que passassem por uma análise prévia. O general Walter Souza Braga Netto, nomeado interventor federal, escolheu cerca de 10 perguntas para serem respondidas, a maior parte delas da Globo e da GloboNews.
"Senhores, no grito não funciona", teria dito o general, de acordo com relatos, a jornalistas que não tiveram suas perguntas respondidas. A assessoria de imprensa do Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), um dos órgãos envolvidos na intervenção, informou que as questões que não foram respondidas deveriam ser enviadas posteriormente por email.
Pelo Twitter, o jornalista britânico Dom Phillips, que escreve para veículos como o The Guardian e Financial Times, denunciou que foram respondidas somente perguntas da Globo e do jornal O Estado de São Paulo. Perguntas de jornalistas estrangeiros não teriam sido contempladas.
"Vale a pena notar a coletiva de imprensa da Intervenção Federal de hoje com os generais no Rio. Apenas perguntas escritas. Isso não foi anunciado de antemão, apenas nesta manhã. Várias questões para a Globo e o Estado. Nenhum para a imprensa estrangeira. Nem para a Folha", tuitou Phillips.
Laboratório do Brasil Entre as poucas perguntas que se dispôs a responder, o general Braga Netto não deu nenhuma informação concreta sobre quais serão os próximos passos da intervenção, se limitando a dizer que a primeira medida a ser adotada será a instalação do gabinete que coordenará a ação. "Logo após a instalação do gabinete, o general Sinott vai tomar uma série de providências dentro da segurança pública para que a população perceba a sensação de segurança", afirmou. Ele também aventou a possibilidade de a intervenção militar no Rio de Janeiro servir como uma experiência a ser implantada em outras regiões do Brasil. “As inteligências, elas sempre funcionaram. Quando você centraliza e unifica o comando, a tendência é que isso agilize o trabalho de inteligência. O que deverá ocorrer agora é uma maior agilidade. O Rio de Janeiro, ele é um laboratório para o Brasil. Se será difundido o que está sendo feito aqui para o Brasil, aí já não cabe a mim responder”, disse.Worth noting on today's Federal Intervention press conference with generals in Rio. Only written questions, this was not announced beforehand, only this morning on arrival. Several questions for Globo and Estado. None for foreign press. Nor for Folha.
— Dom Phillips (@domphillips) 27 de fevereiro de 2018