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[caption id="attachment_125619" align="aligncenter" width="600"] Críticas à reforma trabalhista marcaram o desfile da Paraíso do Tuiuti no Rio de Janeiro Foto: Reprodução/TV Globo[/caption]
A Rede Globo, enfim, não conseguiu mais esconder o que o Brasil todo havia visto e repercutido nas redes sociais: protestos contra a violência no Rio de Janeiro e críticas aos políticos, especialmente Michel Temer, e às questões sociais foram uma marca forte e indiscutível deste Carnaval. Inicialmente, o telejornal deu um tempo bem menor para a Paraíso do Tuiuti no dia anterior, em relação às outras escolas. Além disso, durante a transmissão dos desfiles, os apresentadores se calaram e sequer citaram os protestos. Antes das escolas, as arquibancadas já davam o tom da festa 2018. O público vaiou e xingou o prefeito do Rio, Marcelo Crivella, além de Temer. Tudo foi mostrado com destaque no Jornal Nacional desta terça-feira (13).
A insatisfação virou enredo. A Paraíso do Tuiuti desfilou críticas sociais e políticas na primeira noite na avenida. Operários obrigados a se desdobrar denunciavam as más condições de trabalho e criticavam a reforma trabalhista. Carteiras rasgadas mostravam que muitos brasileiros vivem sem direitos no trabalho informal.
Os Manifantoches eram uma sátira a manifestantes que são manipulados pelos poderosos. Como se fossem marionetes, eles estavam encaixados no pato da Fiesp - um dos símbolos contra o governo Dilma Rousseff - e carregavam uma panela, em referência aos panelaços da época. No último carro, um vampiro vestia a faixa presidencial, numa alusão ao presidente Michel Temer. A fantasia do destaque ganhou o nome de Vampiro Neoliberalista.
A Mangueira também não usou sutilezas para criticar. O prefeito do Rio, Marcelo Crivella, apareceu representado como um boneco de Judas, desses que são malhados no Sábado de Aleluia. Ele estava no carro “Prefeito, pecado é não brincar o Carnaval”. Com o enredo “Com dinheiro ou sem dinheiro, eu brinco!”, a escola criticou o corte da verba da prefeitura para a festa na Marquês de Sapucaí.
Na Beija-Flor, a escola deu um recado claro contra os corruptos, a intolerância, a violência. O prédio da Petrobras foi para a avenida e, quando as paredes abriam, o que se via eram as estruturas de um país desigual. Atrás, a crítica a quem ajudou a construir essa situação. Os efeitos desse abandono? Teve arrastão na avenida, bala perdida, tiroteio na escola, mortos na guerra do tráfico, policial também vítima da violência.
O homem da mala com dinheiro sambou na nossa cara. A foto famosa da chamada gangue dos guardanapos ganhou vida na avenida. É o registro de um jantar em Paris em que o ex-governador do Rio Sérgio Cabral e amigos apareceram com o pano na cabeça. Ainda teve a ala “No Circo Brasil, o Palhaço é o Povo” e ainda carregando nas costas o peso dos impostos.
No Sambódromo e nas ruas, o país está festejando, mas o folião, neste ano, não pode ser acusado de usar a festa para esquecer dos problemas. O grito de Carnaval em 2018 também é um grito de basta.
Os blocos também não ficaram atrás. O tradicional Suvaco do Cristo foi para as ruas com 30 mil pessoas. Este ano o tema era “Proibido proibir”, frase famosa contra a censura e a ditadura em 1968. O bloco fez uma crítica ao prefeito Marcelo Crivella.
No Simpatia é Quase Amor, 300 mil vozes engrossaram o coro dos descontentes com a situação na cidade e no país. O tema do enredo do Simpatia é "A cidade é nossa em fevereiro. Você não gosta de carnaval, mas o nosso povo gosta”. É uma crítica direta ao prefeito Marcelo Crivella, que deixou o Rio durante o Carnaval.