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De acordo com uma fonte, faz três meses que a Abril realiza empréstimos no banco pra cobrir a folha de pagamento.
Por Portal Imprensa
O Sindicato dos Jornalistas de São Paulo convocou repórteres, editores, designers, repórteres fotográficos e revisores da Abril no último dia 14, para uma Assembleia Geral Extraordinária. O objetivo era debater as informações sobre a possibilidade de demissões na editora ainda em setembro.
Segundo uma fonte de dentro da editora, os advogados do Grupo entraram em contato com o sindicato para tentar um acordo. “Eles querem demitir, mas não têm dinheiro pra pagar as rescisões. Querem parcelar em dez vezes”, disse. Ainda de acordo com a fonte, faz três meses que a Abril realiza empréstimos no banco pra cobrir a folha de pagamento. Diante deste cenário e de um suposto ultimato dado à Abril pelo banco, o sindicato convocou a categoria para informar a situação e debater o que os jornalistas preferiam: aceitar ou negar a proposta.
A informação foi confirmada por Paulo Zocchi, presidente do Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo. Ele afirmou que a Abril “pretende demitir um certo número de jornalistas - um pequeno número-, no quadro de uma demissão de dezenas de funcionários, mas sobretudo administrativos, e pretende parcelar as verbas rescisórias”.
O receio de parte dos profissionais da Abril é que em novembro passa a valer a reforma trabalhista e “vão poder mandar embora mais tranquilamente, oferecer aquele comum acordo, que não precisará mais ser homologado pelo sindicato”, aponta a fonte. Até o momento, o sindicato identifica abuso em casos como este. “A editora poderá elaborar uma cláusula de que está quitando tudo, abdicando assim, de qualquer processo judicial posterior”, lamenta a fonte.
Segundo Zocchi, a editora pretende depositar os 40% de multa sobre os depósitos no FGTS, parcelar as verbas rescisórias em até 10 vezes, pagando a primeira parcela em até 10 dias, e as demais num prazo de um mês, a partir do pagamento da primeira. Também pretendem pagar a multa do artigo 477 da CLT. Esse pagamento aconteceria junto com a última parcela. Estender o plano de saúde por mais um mês, além do período do aviso prévio.
Outra proposta seria estender por seis meses o vale-refeição. Formalizar os valores devidos em título executivo, como forma de garantir o pagamento. Se comprometer que demissões com pagamento parcelado sejam todas feitas no Sindicato, mesmo após a entrada em vigor da nova lei trabalhista.
Resoluções
Na assembleia realizada com cerca de 50 jornalistas, a decisão foi por apresentar condições aos pedidos do Grupo, como abrir uma consulta interna sobre quem quer ser demitido e garantir que os atrasados sejam títulos executivos. O acordo seria válido, no máximo, para 20 demissões e até novembro, assim, teriam de realizar o pagamento em até cinco parcelas, sendo que cada uma deveria ter no mínimo o valor do salário do demitido. O plano de saúde deveria ser estendido até o final do período de parcelamento mantendo, ainda, os seis meses de vale-refeição. Também optaram por incluir a multa de um salário e o adicional de 10% sobre o valor total da rescisão. A empresa ficaria ainda, obrigada a homologar no sindicato qualquer demissão realizada até 31 de maio de 2018, sob pena de multa de um salário para o demitido.
A empresa, no entanto, não aceitou a proposta alegando dificuldades de caixa. O Sindicato deve chamar nova assembleia para debater a posição dos jornalistas. “De pronto, o manifestamos à empresa que não há acordo, e que a entidade mantém sua oposição às demissões e ao parcelamento de verbas rescisórias”, conclui Zocchi.
Mudanças
Até o momento, o Grupo não registrou atrasos nos pagamentos. “Ainda estão pagando os funcionários. O atraso é de umas três horas. Antes entrava às 6h e agora está entrando no meio da manhã”, pondera a fonte.
Em agosto, a Abril soltou um comunicado interno anunciando aos funcionários que a editora deve deixar o prédio que ocupa atualmente em São Paulo. A localização da nova sede ainda não foi confirmada, mas deve ser no Morumbi, próximo à ponte João Dias.
“Esse rito de passagem da Abril para uma nova era também inclui uma mudança física. Um lugar mais adequado para essa nova empresa está sendo procurado, um espaço mais moderno e integrado, que atenda às necessidades de uma empresa de mídia. A Previ, proprietária do edifício Birmann 21, ofereceu algumas opções de outros locais que estão sendo analisados. Todos os funcionários serão informados tão logo haja uma decisão sobre a nova casa e demais detalhes sobre a mudança”, afirmou a editora no comunicado.
Ainda de acordo com a fonte, a Abril fala pouco a respeito da atual situação e os e-mails enviados aos profissionais são vagos e com cunho corporativo. “Ficamos sabendo da situação pelo sindicato”, afirma. Procurada pela reportagem da IMPRENSA, a Abril afirmou que não vai comentar o caso.
Imagem: Divulgação