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“Ontem pra mim, você nasceu. Se materializou com propriedade. Ocupou seu espaço. Chutou a bagaça toda e oficializou a liberdade de ser e estar. Venho aqui te aplaudir”, escreveu o ator.
Por Fábio Assunção
Falando como artista, procuro um idioma que consiga me explicar, sem necessidade de rima, qual é a minha função no mundo e a quem continuarei dedicando meu trabalho. Leio sobre crimes contra a cultura popular - grafites em São Paulo, exposição em Porto Alegre, Mato Grosso, Brasília... um neo fascismo vem batendo lata e abrindo espaço infértil para intervenções perigosas e indesejadas.
Ao mesmo tempo, o mundo progressista ao qual me identifico tenta cortar cercas, derrubar muros, aplaudir a humanidade como ela é em sua totalidade. Acabou a era de ser definido pelo outro. A quem interessa? Qual a relevância da crítica moral se ela só serviu para deixar as pessoas tristes e os fabricantes de remédios irresponsáveis. Conheço a dor dos julgados e a delícia de olhar em silêncio os juízes de cima.
Não frequento o YouTube. Não conheço os MC's bombados, sou ruim de saber os nomes dos influenciadores digitais. Preciso admirar para me transformar, não me guio por número de seguidores ou pela moda da estação. Preciso que aquilo me mostre um caminho melhor para o mundo para que eu fique absorvido. Senti isso na vida por muitas coisas e todas são relevantes até hoje, ainda que mortas.
Não estava no Rock'n Rio ontem, mas vi você no palco da Fergie do Black Eyed Peas. Não a conhecia. Não sabia de seus hits, sucessos e nunca tinha acessado sua rede social. Como disse, não sou bom nessas coisas. Não gosto de ninguém me dizendo do que preciso gostar.
Ontem pra mim, você nasceu. Se materializou com propriedade. Ocupou seu espaço. Chutou a bagaça toda e oficializou a liberdade de ser e estar. Venho aqui te aplaudir. Conversei com meu filho de 14 anos hoje e fiquei emocionado dele olhar pro mundo com a alma e dele falar de você motivado pela oportunidade de me ensinar, dizendo o quanto você já era um sucesso há muito tempo. Ele estava ontem te assistindo no Rio e eu em SP.
Você representa uma possibilidade de verdade num mar de hipocrisia. Sua figura pública é a voz de muita gente sufocada. Que cuidem de você, você pode dividir águas. Que Deus te abençoe e proteja. E que muitos aprendam que para ocupar é necessário apenas legitimar sua própria humanidade. Parabéns.
Veja aqui o vídeo com a participação de Pablo Vittar no show da Fergie
Foto: Divulgação