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Confira o relato de Otávio Antunes, que acompanhou de perto a cerimônia de formatura da turma de Humanidades da Unilab, na Bahia, em que Lula participou como patrono
Por Otávio Antunes, da Bahia, especial para a Fórum
Os formandos e os professores dirigem-se ao palco, são muitos oradores que usam o microfone. O dia é deles. Trata-se da formatura da segunda turma de “Humanidades da Unilab”. São cores, cantos e sotaques de todos os tipos. Alunos brasileiros e africanos acompanhados de filhos e pais que, poucos minutos antes, se revezavam no palco para receber seu diploma das mãos de professores e de um homem baixo e barbudo, que fazia questão de sorrir e beijar todos durante a entrega do “canudo”. Trata-se de Lula. E já são quase vinte e três horas.
Mesmo emocionados, alguns formandos e moradores, que acompanhavam a colação de grau demonstravam cansaço depois de três horas de cerimônia. Vários membros da comitiva “pescavam”, quase dormindo sentados. E era apenas o segundo dia.
A rotina de 16 horas de atividades por dia, que leva alguns a exaustão, parece não afetar o presidente. Lula é o que menos demonstra cansaço. É impressionante como parece receber uma carga de energia toda vez que entra em contato com o povo.
Aos 71 anos, quase 72, Lula segue lutando para escrever o próprio destino. Talvez seja o personagem mais formidável da canção de Gonzagão. A vida de Lula, desde os sete anos no sertão de Pernambuco, é andar por este país para ver se um dia descansa feliz.
Enquanto analistas da imprensa, da política e dos tribunais discutem se conseguirá ou não ser candidato, Lula retoma sua jornada, iniciada ainda menino em Garanhuns, no interior de Pernambuco, e que de tempos em tempos percorre o Pais. Foram várias caravanas nas últimas décadas, e agora mais quatro mil quilômetros pelo Nordeste.
Lula, este interminável, parece ter a exata dimensão de seu tamanho e papel histórico. Carrega na mala um governo com incríveis oitenta por cento de aprovação, uma condenação sem provas na justiça e dramas familiares, como um câncer superado e a morte da esposa. Coisas que poderiam derrubar qualquer um. Mas Lula não aceita as circunstancias que a vida e a política lhe impõem de forma resignada.
O ex metalúrgico, que sempre buscou a moderação e a negociação, desperta neste Brasil em transe, mergulhado em uma crise econômica e política que parecem não ter fim, todo tipo de paixão.
A direita assiste Lula marchar com raiva. A imprensa com indiferença. A esquerda com esperança. E o povo com um afeto que transborda.
Quer gostem ou não de Lula, o maior líder popular do nosso tempo está em movimento. Firme. A caravana apenas comprova isso. E parece interminável.
Foto: Ricardo Stuckert