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O grupo de trabalho da operação Lava Jato será integrado a uma delegacia que já trabalha com outras investigações e, por isso, a operação deixará de ter delegados dedicados exclusivamente a ela, como vinha acontecendo
Por Redação
No momento em que a operação Lava Jato começa a ameaçar a cúpula do atual governo, a Polícia Federal resolveu acabar com a força-tarefa exclusiva para a operação em Curitiba, em um claro movimento de enfraquecimento das investigações. Nos bastidores, há o entendimento de que a operação na capital paranaense já estava paralisada há algum tempo entre os 4 delegados que compunham, até então, o grupo de trabalho exclusivo. Esse GT já chegou a ter 9 delegados e foi sendo reduzido desde que Michel Temer assumiu o poder.
A informação foi adiantada pela revista Época e confirmada, nesta quinta-feira (6), pela própria Polícia Federal, por meio de nota. A PF, no entanto, ponderou, afirmando que a medida visa "priorizar ainda mais as investigações". Agora, os delegados que atuavam na Lava Jato em Curitiba serão lotados na Delegacia de Repressão à Corrupção e Crimes Financeiros (Delecor), que é o que acontece com qualquer investigação de corrupção comum. Somente em Curitiba havia um grupo de trabalho dedicado exclusivamente à Lava Jato.
"A medida visa priorizar ainda mais as investigações de maior potencial de dano ao erário, uma vez que permite o aumento do efetivo especializado no combate à corrupção e lavagem de dinheiro e facilita o intercâmbio de informações", diz a nota da PF.
Procuradores e outros profissionais envolvidos na operação acreditam que o desmanche da força-tarefa em Curitiba seja um movimento do atual governo para enfraquecer as investigações, agora que elas começam a o atingir. Para muitos, a medida é parte da processo de "estancar a sangria", sugerido pelo senador Romero Jucá (PMDB-RR) pouco antes do impeachment da presidenta Dilma Rousseff.
"A Operação Lava Jato deu certo, porque o poder político estava sem unidade. Nós vivíamos em um governo que estava fragilizado, e muitos que estavam na oposição viram uma oportunidade, não dando apoio ao governo do PT e pensando que nós estávamos investigando o PT, não a corrupção. Quando perceberam, a investigação ganhou força e já era tarde para eles se unirem. Agora, estamos vivenciando uma unidade das forças políticas e a [Operação] está em situação de perigo real", disse Carlos Lima, procurador da operação que participou de um evento de "defesa" da Lava Jato nesta terça-feira (4) em Curitiba.
Foto: Agência Brasil