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Após anos de discussão, uma das maiores universidades públicas do país finalmente adotou uma política de cotas para negros, pardos e indígenas no vestibular em todas as suas unidades, incluindo a Faculdade de Medicina, pela primeira vez na história. Número de vagas, no entanto, ainda está longe do ideal
Por Redação
Depois da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), agora foi a vez da Universidade de São Paulo (USP), uma das maiores universidades da América Latina, a aprovar a adoção de cotas raciais e sociais no vestibular para todas as suas unidades, incluindo a Faculdade de Medicina, pela primeira vez na história. O Conselho Universitário aprovou a medida no início da noite desta terça-feira (4) após uma sessão de mais de seis horas.
O número de vagas ainda está longe de ser o ideal para equiparar a histórica exclusão de negros, negras e indígenas na universidade, mas já representa um avanço. A proposta vencedora, apoiada pelo sociólogo André Singer, teve 89 votos favoráveis e um contrária. Quatro pessoas de abstiveram.
A proposta prevê que metade das vagas do vestibular sejam reservadas para alunos vindos de escolas públicas e, dessas vagas, 37,2% serão destinadas para estudantes autodeclarados pretos, pardos ou indígenas.
Este número, 37,2%, é o mesmo da proporção da população de São Paulo que se identifica como pretos, pardos ou indígenas.
Até então, não havia no vestibular da USP qualquer tipo de reserva de vaga a esse tipo de população. A universidade contava apenas com bonificações de 25% no vestibular, mas sem assegurar a vaga e muito menos o ingresso. A reserva de vagas para alunos negros, pardos ou indígenas dependia, ainda, do entendimento de cada faculdade que compõe a USP. A Faculdade de Medicina, por exemplo, nunca teve qualquer tipo de ação afirmativa no vestibular.
A luta por cotas sociais e raciais na USP é antiga e vem ganhando cada vez mais força ao longo dos anos. Nesta segunda-feira (3), um grupo de professores divulgou um manifesto apoiando a adoção das cotas.