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Com o lema "Corruptos, devolvam nossas terras!", MST faz nesta terça-feira jornada nacional de luta pela reforma agrária. Em todo o país estão ocorrendo ocupações que pretendem denunciar a relação do agronegócio com o golpe contra Dilma Rousseff e as ameaças do governo Temer à luta no campo
Por Redação*
Nesta manhã, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) iniciou jornada nacional de luta pela reforma agrária, com o lema "Corruptos, devolvam nossas terras!", denunciando o golpe contra a presidente Dilma e as ameaças do governo Temer à luta no campo. Entre as medidas denunciadas estão a venda de terras a estrangeiros e a MP 759, que promove mudanças na lei da reforma agrária, abrindo a possibilidade de comercialização dos lotes pelas famílias assentadas.
Até o momento foram ocupadas fazendas do ex-presidente da CBF Ricardo Teixeira, do ministro da Agricultura, Blairo Maggi, e do coronel Lima, considerado ‘testa de ferro’ do presidente Michel Temer, e a entrada do Centro de Lançamento de Alcântara, no Maranhão.
Na base de Alcântara, a intenção é denunciar as negociações entre o governo Temer e os Estados Unidos. "A nossa mobilização tem o foco bem específico de fazer a defesa do território de Alcântara, da nossa soberania nacional, denunciando a tentativa de negociação da entrega da base de Alcântara para os EUA pelo governo Temer. Estamos denunciando fortemente a estrangeirização das terras e o fato dos nossos territórios estarem sendo negociados por corruptos. Está em jogo quem vai sofrer com essa negociação, as comunidades da região", afirma Maria Divina Lopes, da direção Estadual do MST no Maranhão, em entrevista ao Brasil de Fato.
Testa-de-ferro de Temer - Uma das fazendas ocupadas hoje é a Esmeralda, no interior de São Paulo. A propriedade é registrada em nome da Argeplan (Arquitetura e Engenharia LTDA) e de João Batista Lima Filho, conhecido como coronel Lima, assessor e amigo pessoal do presidente Michel Temer. Segundo o MST, a fazenda é de propriedade de Temer e Lima seria apenas um testa-de-ferro.
Outra fazenda ocupada foi a Santa Rosa, do ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, em Piraí, no Rio de Janeiro. Segundo notícias, a empresa chamada VSV Agropecuária Empreendimentos, que tinha como endereço oficial a Fazenda Santa Rosa, teria sido beneficiada com recursos superfaturados no valor de R$ 9 milhões pagos pelo governo do Distrito Federal para a CBF organizar um jogo amistoso entre a seleção brasileira de futebol e a seleção de Portugal, em 2008.
O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi (PP-MT), é outro que recebeu a visita do MST hoje. Segundo Idalice Nunes, da direção nacional do MST, a ocupação serve para denunciar a entrega de terras do Brasil a estrangeiros e que, na região Centro-Oeste, onde há a maior concentração de terras em condições para a reforma agrária, isso não está sendo feito. "Blairo Maggi é um dos maiores produtores de soja do Mato Grosso e que, além de usar um milhão de litros de veneno em suas propriedades, ainda concentra terra e não permite que a reforma agrária aconteça", justificou ao Brasil de Fato.