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Em entrevista, Ronaldo Fleury, procurador-geral do trabalho, diz que reforma ainda mostra cultura escravocrata e foi feita para institucionalizar as fraudes
Por Redação* Foto: Antonio Cruz/EBC/FotosPúblicas
Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, Ronaldo Curado Fleury, procurador-geral do trabalho, diz que todas as propostas da reforma estão redigidas para beneficiar o mau empregador, deixando margem para a precarização das relações do trabalho. Afirma que o grande número de ações na Justiça do Trabalho se deve à pequena fiscalização e à mentalidade dos patrões. "O Brasil ainda tem uma cultura escravocrata. Fomos um dos últimos países a abolir a escravidão e até hoje a escravidão é uma realidade. Mesmo nos grandes centros, nas grandes empresas, a mentalidade é escravocrata", afirmou.
Falando sobre o trabalho intermitente, em que a pessoa pode ser contratada para trabalhar apenas algumas horas e tem de ficar à disposição da empresa no outro período sem ganhar, o procurador diz que isso é a institucionalização das más práticas. "Tudo que era feito como fraude está sendo institucionalizado. Poderia ser contratado a um tempo parcial. Em vez de contratar por 44 horas, eu vou contratar a pessoa por 5 horas por semana. Isso é possível desde o fim dos anos 1990."
Sobre a pretendida "modernização das leis trabalhistas, Fleury é contundente: "O que está se criando são estruturas legais, fórmulas de trabalho que existiam 200 anos atrás, como a própria jornada intermitente."