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Caso foi revelado pelo pai de um aluno do 4º ano do Ensino Fundamental do colégio Fayal, de Itajaí, que recebeu um bilhete informando sobre a festa que dividiria a turma em duas classes sociais: de um lado os favelados e, de outro, médicos e advogados
Por Redação
O colégio Fayal, um dos mais tradicionais de Itajaí, em Santa Catarina, enviou um bilhete aos pais e responsáveis de alunos do 4º do Ensino Fundamental com instruções para fantasiar as crianças de "favelados do Rio de Janeiro" para a "Festa de Integração".
Nas instruções, o colégio pede para que os alunos que vão representar os "favelados" sejam vestidos com bermuda, chinelo, boné e óculos, reforçando um esteriótipo do que é ser morador de favela. A proposta do colégio ainda seria dividir a turma em duas classes sociais. Uma delas seria composta por crianças vestidas de advogados e médicos.
O caso foi revelado por Willian Domingues, pai de um dos alunos que diz ter nascido em uma favela.
"Desde quando FAVELADO é fantasia? Eu nasci em uma favela, cresci na periferia de São Paulo e ainda assim não sei que traje é esse de "favelado". Sempre ensinamos os nossos filhos a não terem nenhum tipo de preconceito e não julgar as pessoas pelo que elas vestem ou tem, mas sim pelo que o caráter. Fazemos o impossível, trabalhamos duro para colocá-los em uma escola particular, para que tenham um ensino melhor do que o que o governo oferece e aí chega um bilhete desse na agenda?", escreveu Willian em seu Facebook na noite desta quarta-feira (28), junto com a foto do bilhete enviado pela escola.
Em nota, o colégio pediu desculpas pelo bilhete "equivocado" e tentou explicar a situação.
Confira abaixo.
Viemos através desta transcrever nossos mais sinceros pedidos de desculpas ,pois ainda que possamos ter explicações , reconhecemos a inadequação de uma frase descontextualizada.Ouvimos cada um de vocês, e explicamos o contexto da ação . Jamais teríamos a intenção de criar estereótipos. Nosso espírito educacional é sempre na intenção de realizar ações que possam somar com a comunidade . É de prática cotidiana o acolhimento e humanização a nossos alunos , famílias e funcionários .Houve um sério equívoco no bilhete enviado às famílias dos quartos anos e que separado do contexto a que pertencia tornou-se inaceitável.Esclarecemos que a atividade proposta foi na verdade baseada na canção “Alagados” do conjunto Paralamas do Sucesso, onde é citado a Favela da Maré, uma das maiores do Rio de Janeiro, onde vivem hoje 130 mil pessoas ,em comunidades que se estendem entre a avenida Brasil e a Linha vermelha – duas das mais importantes vias de acesso à cidade. Não viemos criar muros e sim trabalhar e expor estes movimentos de cidadania e inclusão.
Não aceitamos racismo, xenofobia, homofobia ou qualquer intolerância de classes. Nossos 55 anos de história atestam esta postura.Convidamos a todos para acompanharem o nosso trabalho que sempre privilegiou os valores e reafirmar que repudiamos toda e qualquer forma de exclusão.Contamos com a compreensão nesse momento e as providências internas já foram tomadas. Por isso estamos indo além do pedido de desculpas. Assumimos aqui um compromisso público de sermos cada vez mais intolerantes e intransigentes nesse sentido.Enfrentaremos esse momento com humildade e o superaremos , fica o aprendizado.
Atenciosamente,
A Direção