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O prefeito de São Paulo se irritou quando o jovem afirmou que as casas que o tucano estava entregando, na verdade, eram obra de Dilma. À Fórum, Rafael contou que tudo não passava de um "teatro" do prefeito pois a maioria dos presentes eram assessores e apoiadores de Doria que não são beneficiários do programa. Jovem contou ainda ter sido intimidado
Por Ivan Longo
Rafael*, o rapaz que fez o prefeito de São Paulo, João Doria, dar chilique na cerimônia de entrega das chaves do programa Minha Casa, Minha Vida, no Grajaú, zona sul da capital paulista, contou à Fórum sua versão sobre o ocorrido.
Doria, em um dos momentos de seu discurso, disparou: “A força da mulher ninguém segura”. Foi o suficiente para ouvir da plateia um grito em resposta: “Força da Dilma para fazer as casas”.
Quem disparou a frase foi Rafael. Ele contou à reportagem que é morador do Grajaú desde que nasceu e, por isso, conhece praticamente todo mundo. Autônomo, o jovem estava livre na manhã desta quarta-feira (29) e, através de uma mensagem de colegas, soube que haveria a entrega das unidades.
"Não teve nenhum anúncio de que haveria a cerimônia. Pra fazer o 'teatrinho' deles, não avisaram antes. Mas, como fiquei sabendo, resolvi passar lá pra ver como ia ser", disse.
Quando respondeu à Doria que era a ex-presidenta Dilma a responsável pela construção das unidades, Doria se irritou e começou a discutir com o rapaz, afirmando que "corrupto é quem rouba dinheiro do povo" e mandando o jovem ir "procurar sua turma em Curitiba", em alusão aos presos da Lava Jato. Neste momento, em um vídeo divulgado pelo portal G1, é possível ouvir vaias e manifestações de apoio ao prefeito.
Rafael, no entanto, revelou que a maioria dos presentes na entrega das chaves eram vereadores e assessores de Doria, que levaram apoiadores do tucano. A menor parte, de acordo com o jovem, que diz conhecer a maioria daquelas pessoas, era composta por moradores da região ou beneficiários do programa. Os poucos ali presentes, segundo ele, apoiaram sua intervenção e reforçaram que a obra que estava sendo entregue era de Dilma.
"Quando comecei a falar tinham vinte câmeras apontadas pro Doria. Só uma virou para mim", disse Rafael.
O jovem contou que sua intenção não era interromper a cerimônia, em respeito às famílias, mas que seu recado foi dado. Quanto ao chilique do prefeito em o mandar "procurar sua turma em Curitiba" e dizer que "corrupto é quem rouba dinheiro do povo", Rafael respondeu: "E o caso de desvio de dinheiro de quando era presidente da Embratur em 1986, durante o governo Sarney? O que ele tem a dizer sobre isso? Fora o fato de que ele entregou obra que não é dele. Então, para mim, é golpista, sim".
À reportagem, Rafael revelou ainda ter sido intimidado por guardas civis metropolitanos e seguranças que estavam no local. "Mas eu disse: 'Doria, você não é dono daqui', e saí apenas na hora em que eu quis", afirmou.
*Rafael não teve seu sobrenome divulgado para que sua identidade seja preservada