Escrito en
BRASIL
el
A direita brasileira sequer tornou lei o projeto da "escola sem partido" mas já vem cooptando iniciativas inovadoras no campo da educação. A Escola da Vila, em São Paulo, referência no método de aprendizado autônomo e valorização do pensamento crítico, foi vendida para a empresa de Guilherme Affonso Ferreira Filho, simpatizante de Bolsonaro e MBL
Por Redação*
Se a mobilização popular pode barrar um projeto como o "escola sem partido" ou fazer resistência a uma reforma do ensino médio, o capital encontra outras maneiras de impor no campo da educação seu modus operandi. Um exemplo é a Escola da Vila, que acaba de ser vendida para a Bahema S.A que, segundo seu próprio site, é uma empresa de investimentos que atua "em diferentes setores", mas que agora está construindo um "grupo brasileiro de educação".
A Escola da Vila, que tem três unidades em São Paulo, foi fundada em 1980 por um grupo de professores, sem qualquer investimento de capital privado. Ela se tornou referência no ensino construtivista, que valoriza a autonomia de aprendizagem e o pensamento crítico. Teve, entre suas criadoras, Madalena Freire, filha do maior nome da educação no país, o educador, pedagogo e filósofo Paulo Freire.
Como se já não fosse o suficiente o ônus de uma escola como a Escola da Vila ser vendida a uma empresa de investimentos, há ainda o agravante que o diretor de relações com o mercado desta empresa é Guilherme Affonso Ferreira Filho. Ele foi o organizador do 3o Fórum Liberdade e Democracia, realizado em outubro de 2016. O principal convidado do 1o painel, “O papel do Estado no século XXI”, foi Jair Bolsonaro. O mediador foi Hélio Beltrão do Instituto Mises. Os outros painéis foram igualmente recheados de representantes da extrema direita. Um dos homenageados do evento, ironicamente agraciado com o prêmio Luís Gama, foi o vereador Fernando Holiday, do "Movimento Brasil Livre (MBL), que capitaneou passeatas em prol do impeachment de Dilma Rousseff que que endossam o movimento "Bolsonaro 2018",
Os pais sequer tiveram tempo de pensar em outra escola para seus filhos. O comunicado da venda da escola, que até então era administrada pela professora Sônia Maria Barreira e suas sócias, foi feito apenas duas semanas após o início do ano letivo.
*Com informações do Jornalistas Livres