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O número de pessoas mortas por policiais de folga em 2016 no estado de São Paulo bateu recorde e chegou a 266 casos, já chegando perto do número total de latrocínios no mesmo período, que foram 372
Por RBA
O número de pessoas mortas por policiais civis e militares fora de serviço em São Paulo bateu recorde em 2016. De acordo com informações da secretaria de Segurança Pública, policiais de folga mataram 266 pessoas no estado, crescimento de 18% em relação a 2015.
Pesquisador do Núcleo de Estudos da Violência (NEV) da Universidade de São Paulo (USP), Bruno Manso diz que a ordem de grandeza dos números é comparável aos casos de latrocínio, roubo seguido de morte, que no mesmo período somaram 372 casos. "As mortes decorrentes da reação da polícia já está quase na mesma dimensão do total de latrocínios no estado, para se ver a gravidade. É muito alto", afirma Manso, em entrevista ao repórter Jô Miyagui, para o Seu Jornal, da TVT.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública, 90% das mortes provocadas por policiais de folga se iniciaram em ocorrências de roubo. Em 55% dos casos, o próprio policial seria a vítima.
O advogado Ariel de Castro Alves, integrante Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana de São Paulo (Condepe-SP), afirma que esse elevado número de mortes decorre da atuação de policiais que fazem bicos como seguranças privados durante as folgas, prática proibida pela lei.
"É importante lembrar que muitas dessas mortes ocorrem quando esses policiais estão fazendo bicos, quando estão trabalhando como seguranças privados, e clandestinamente. A legislação proíbe que policiais façam bicos, que atuem na segurança privada", diz Ariel.
Bruno Manso também questiona as causas: "A gente fica sem resposta, não sabe de fato o porquê de ter tanta gente morrendo durante a folga dos policiais. Será que o policial está supervulnerável, então isso merece uma atenção determinada, ou será que o policial está matando demais e merece outro tipo de ação?"
Para eles, não é adequado classificar essas mortes como decorrentes de intervenção de policiais em folga, como faz a Secretaria de Segurança Pública. O ideal seria o registro como homicídio. Para evitar abusos, é preciso melhorar a investigação e reforçar órgãos de controle.
"Deveriam ser tratados como homicídios comuns, mas praticados por policiais. Não poderia haver esse tipo de diferenciação porque, com isso, o governo está partindo do pressuposto de que essas mortes ocorreram em situação de legítima defesa. Muitas delas nós sabemos que não", explica Ariel de Castro, do Condepe-SP.