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Marcos Sorrentino ministra aulas há 30 anos na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, além de ser diretor regional da Associação dos Docentes da USP em Piracicaba.
Da Redação*
Marcos Sorrentino, professor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ) e diretor regional da Associação dos Docentes da USP (Adusp) em Piracicaba, foi convocado para uma oitiva por uma Comissão Sindicante, instalada pela direção da unidade, com o objetivo de investigar uma atividade acadêmica organizada em conjunto com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
A quarta edição da “Jornada Universitária em Apoio à Reforma Agrária” aconteceu entre os dias 17 e 20 de abril deste ano, organizada pelo Laboratório de Educação e Política Ambiental (OCA, ao qual pertence o professor Sorrentino), pelo Núcleo de Apoio à Cultura e Extensão em Educação e Conservação Ambiental (NACE PTECA/ESALQ) e por movimentos sociais, como o MST.
No dia 18 de abril, no gramado central do campus, foi organizada uma oficina de lona preta em conjunto com o MST, com o objetivo de mostrar como se montam as barracas de assentamentos e promover uma conversa sobre a vida de um militante acampado. Contudo, no mesmo dia uma notícia falsa foi compartilhada nas redes sociais, espalhando o boato de que o MST estaria promovendo uma invasão do campus. A notícia foi rapidamente desmentida pela direção da ESALQ e pela Prefeitura do Campus.
Depois do incidente, uma Comissão Sindicante foi instalada. De acordo com Sorrentino, a oitiva para a qual foi convocado tinha duas perguntas principais como eixo de investigação. “Uma das perguntas era se havia autorização para utilizar a logomarca da ESALQ no evento, e eu falei que o laboratório que eu coordeno há 30 anos usa a logomarca para tudo porque é um laboratório da unidade”, revela Sorrentino. “A segunda questão era se algum colegiado da unidade havia aprovado a realização das atividades. Eu disse que trabalho aqui há 30 anos e nunca precisei da autorização de um colegiado para organizar diversas atividades”.
“Deixei muito claro: para mim é triagem ideológica”, defende o professor. A seu ver, isso é demonstrado pela diferença como foram tratados outros eventos recentes no campus, como o ESALQShow, uma feira de empresas de agronegócio e transgênicos, que aconteceu nos dias 10 e 11 de outubro. “A escola serve majoritariamente a essas grandes empresas que trazem recursos a laboratórios, e quando há um conjunto de professores ou estudantes que se comprometem com a agricultura familiar ou com agricultores acampados, vem esta triagem dizendo que não poderíamos usar o gramado para oficina”, explica Sorrentino.
A direção da ESALQ não se manifestou a respeito do caso.
*Com informações da Adusp
Foto: Marcos Santos/USP