Famílias do MTST fazem mutirão para construir bairro ecológico em favela do DF

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A localidade há alguns anos foi considerada a maior favela do país mas, por iniciativa do MTST, se tornará um bairro ecológico e abrigará  109 famílias que antes não tinham onde morar Por Centro de Referência em Direitos Humanos do DF
A situação de violência e vulnerabilidade social do condomínio Sol Nascente, situado em Ceilândia, a 30 quilômetros de Brasília, já é bem conhecida. A localidade há alguns anos foi considerada a maior favela do país, com população de mais de 95 mil habitantes, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), passando à frente da comunidade da Rocinha, no Rio de Janeiro. No entanto, se depender do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), a região vai virar notícia nacional por outros motivos. No dia 16 de dezembro, terá início um mutirão para a construção de casas ecológicas para 109 famílias que antes não tinham onde morar. Os terrenos foram conquistados a partir de uma negociação do MTST com o governo do Distrito Federal, mas ainda faltava a mão-de-obra e toda a logística para tirar o projeto do papel. O coordenador do MTST/Brasília, Eduardo Borges, explica que a iniciativa é inédita, pois nunca houve no Brasil tantas pessoas mobilizadas para erguer suas próprias moradias. Ele ressalta ainda a importância do cuidado com o meio ambiente durante essa ação. “A ideia é ter fossa ecológica, captação de água das chuvas, energia solar. Contamos com a ajuda de engenheiros e arquitetos voluntários e faremos uma ‘vaquinha’ para a compra de materiais”, afirma. Para Marcos Ninguém, da Universidade Alternativa de Permacultura (UniPermacultura), o mutirão tem tudo para se tornar uma referência na implantação de tecnologias sustentáveis. Ele foi chamado para prestar consultoria no trabalho junto às famílias e alertou para a necessidade de planejamento adequado antes da execução da obra. “Esse é um momento histórico. Se não pensarmos no design desse acampamento, corremos o risco de haver um processo de ‘favelização’ e não conseguirmos a qualidade de vida que as pessoas sonham”, destaca. Os lotes possuem 22 metros de comprimento por 6 metros de largura e todas as casas serão construídas coletivamente, padronizadas em uma planta de 65 m2. A ecovila contará com biblioteca comunitária, playground e paisagismo, de forma a acolher os novos habitantes de maneira confortável, gerando o menor impacto possível à natureza. A previsão é de que já na próxima semana seja lançada uma campanha de financiamento coletivo para custear os materiais necessários. Mais informações podem ser obtidas na página do MTST Brasília. Confira a seguir algumas imagens do dia 24 de setembro, quando as famílias foram conhecer os terrenos onde farão suas casas. Fotos: Mídia NINJA