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O carnaval de rua de São Paulo, que renasceu nos últimos anos, mostra agora seu posicionamento político ao marcar, para a semana que vem, um desfile que reunirá desde os blocos mais novos até os mais tradicionais em um "arrastão contra o golpe". "Desce do Moro. Rala o Cunha até o chão", diz trecho da marchinha. Ouça
Por Ivan Longo
Se os blocos de carnaval de rua de São Paulo assumiram um papel importante, nos últimos anos, no sentido de ocupar o espaço público e reverter uma visão que se tinha sobre a festa na cidade, agora eles marcam posição também no âmbito político. Depois de levar milhões de pessoas às ruas em fevereiro para festejar o feriado, os mesmos bloquinhos pretendem agora desfilar em prol da democracia e contra a tentativa de golpe que está em curso no país.
Está marcado, para o próximo dia 16, o Arrastão dos Blocos de Rua Contra o Golpe. O local ainda não está definido, mas um "esquenta" acontece na noite desta sexta-feira (8) na Praça Ramos, região central da capital.
"Em meio a bagunça na política nacional, os blocos de carnaval de São Paulo estão unidos para realizar um grande Carnavato pela democracia. É o arrastão dos blocos, que passa tirando ódio e vestindo fantasias e sonhos" , diz a descrição do evento no Facebook.
O 'carnavato' já conta, até agora, com a presença de mais de vinte blocos de todas as regiões da cidade. Entre eles, blocos mais antigos e tradicionais, como o Vai Quem Quer, Ilú Obá de Min, Jegue Elétrico, Agora Vai e Cordão do Triunfo ou ainda aqueles mais novos, como o Me Ocupa que Eu Sou da Rua, Domingo Ela Não Vai, Unidxs da Grande Mel e Me Fode Que Eu Sou Produção.
"O carnaval de rua de São Paulo renasceu nos últimos dois ou três anos e, junto com esse renascimento, vem o resgate da cultura carnavalesca de sátira e crítica política. Tem a ver com o momento politico do país e com o resgate de uma tradição do carnaval", disse à Fórum o folião Ramon Szermeta, do bloco Me Ocupa que Eu Sou da Rua.
A união entre os blocos rendeu, inclusive, uma marchinha com a temática política. Confira a letra abaixo e ouça aqui.
"MARCHINHA ARRASTÃO DOS BLOCOS
Arrastão dos Blocos
Nem um passo atrás
Folia da democracia
Golpe nunca mais!
Quando o bloco vai pra rua
A massa loka gruda atrás
Não tem coxinha, pato, nem filé mignon
Tem bandeiras coloridas, nheco nheco no baphon
Tira seu ódio, vem vestir a fantasia
Desce do Moro, rala o Cunha até o chão
Justiça mercenária; Congresso obscuro
Se eles se acham macho, nosso grelo é duro"
Foto: Arquivo/Agência Brasil