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Nomeado arcebispo de Dimantina, Darci José Nicioli sai de uma diocese de grande visibilidade e seu discurso político perde ressonância
Por Gilberto Nascimento, especial para a Fórum
Papa tira da Arquidiocese de Aparecida (SP) o bispo auxiliar dom Darci José Nicioli que exortou os católicos a pisarem na "cabeça da serpente" e daqueles que "se autodenominam jararacas" para "combater o mal". Dom Nicioli foi nomeado agora arcebispo de Diamantina (MG), o que gerou críticas de simpatizantes do PT nas redes sociais, indignados com sua promoção.
Efetivamente, o bispo foi elevado a um cargo maior na hierarquia católica. Mas Aparecida é estratégica, tem muito mais visibilidade e simbolismo na Igreja Católica. Auxiliar em Aparecida pode ter muito mais poder de ação do que um arcebispo de Diamantina. Lá, Nicioli ficará quase escondido. Seu discurso terá pouca ou nenhuma ressonância. Quando o Vaticano tirou dom Luciano Mendes de Almeida do cargo de bispo auxiliar de São Paulo (região Belém) e o nomeou arcebispo de Mariana (MG), anos atrás, tirou a visibilidade dele e praticamente o colocou no ostracismo. Dom Luciano nunca mais teve o mesmo peso político. Até aquele momento, estava todo o dia na mídia.
Outro exemplo: dom Angélico Sândalo Bernardino, outro grande símbolo da corrente "progressista" da Igreja Católica, era também bispo-auxiliar de São Paulo e em sua diocese, em São Miguel Paulista, incentivava, por exemplo, as assembleias de luta por moradia que chegavam a reunir 10 mil pessoas. Foi nomeado bispo de Blumenau (SC), tornando-se o responsável pela diocese local. Supostamente, também uma promoção. Mas viu ali o seu espaço político e o poder de mobilização se evaporarem.
Aliás, a nomeação tinha exatamente esse objetivo naquela época: afastá-lo dos movimentos sociais. Agora, Francisco, um papa mais próximo hoje dos chamados "progressistas" do que dos "conservadores" na Igreja, tira Nicioli de cena e o promove a arcebispo.
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