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Matheus de Freitas foi baleado por policiais em uma escola do Grajaú, zona norte do Rio de Janeiro. Moradores se uniram em manifestação, mas foram contidos com bombas de gás e balas de borracha
Por Redação
Era dia de folga para o universitário Matheus Santos de Freitas, jovem negro de 24 anos. Ele queria aproveitar o sábado e pulou o muro da Escola Estadual Tancredo de Almeida Neves, no Grajaú, zona norte do Rio de Janeiro, para encontrar os amigos. Sem opções de lazer, a comunidade costuma usar a quadra do colégio para conversar e praticar esportes.
Por volta das 21h, o grupo foi surpreendido por dois policiais militares à paisana dentro da escola, que dispararam contra os jovens. Matheus foi baleado, passou por cirurgia e não resistiu. Filho mais velho de pais evangélicos, ele fazia Economia e planejava investir na Bolsa de Valores. Era tido pelos vizinhos como alguém que tinha várias ideias para melhorar o próprio bairro, como construir uma pista de skate para a garotada.
Esses e outros planos não puderam ser concluídos. O policial que efetuou o disparo está afastado do trabalho e o caso segue para a Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Como tantos exemplos de assassinatos de jovens negros, pode acabar impune.
Dezenas de amigos chegaram a fazer um protesto contra a ação da PM com faixas e cartazes na última terça-feira (4), mas foram contidos com bombas de gás tóxico e balas de borracha. Muitos moradores saíram feridos e uma manifestante foi presa por desacato enquanto filmava o ato.
Situações como essa infelizmente fazem parte da rotina da juventude negra na periferia das cidades brasileiras. Dados do Mapa da Violência mostram que cerca de 30 mil jovens de 15 a 29 anos são assassinados por ano no Brasil. Desses, 77% são negros.
Pesquisa do Fórum Brasileiro de Segurança Pública aponta que, entre 2009 e 2013, as polícias brasileiras mataram 11.197 pessoas em casos listados como autos de resistência - registros de mortes ocorridas em supostos confrontos nos quais o policial afirma ter atirado para se defender.
Confira vídeo produzido pelo grupo Periferia em Movimento sobre a morte de Matheus.