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Em nota, a gestão municipal questionou informações divulgadas pelo jornal em uma matéria que noticiava um suposto aumento da criminalidade na região conhecida como 'Cracolândia' após dois anos do programa De Braços Abertos; de acordo com a prefeitura, jornal distorceu e omitiu dados. Confira
Por Redação
O programa de redução de danos da prefeitura de São Paulo para usuários de crack da região conhecida como 'Cracolândia", o De Braços Abertos, foi alvo de uma reportagem considerada "irresponsável" pela gestão municipal. Em nota divulgada nesta segunda-feira (18), a prefeitura contesta as informações veiculadas pelo jornal O Estado de S. Paulo em matéria publicada no último sábado (16) que tenta associar um suposto aumento no número de roubos na região com o aniversário de dois anos da implantação do programa.
Intitulada "Após 2 anos de ação municipal, roubos avançam 25,4% nos DPs da cracolândia", a matéria usa como base registro de roubos de delegacias de polícia de três bairros adjacentes - Bom Retiro, Campos Elíseos e Santa Ifigênia - e sustenta a tese de que o aumento nos índices estaria associado à ação da prefeitura no local.
Em sua nota, no entanto, a prefeitura destaca que, além de omitir que o aumento citado acompanha a média de toda a cidade (24%, considerando o mesmo período, entre janeiro de 2013 e novembro de 2015), a reportagem usa os dados das delegacias próximas, e não os números relativos ao quadrilatero de ruas que formam a "Cracolândia" onde, na verdade, o índice de roubos caiu.
"No quadrilátero formado pelas Alameda Nothmann à Avenida Duque de Caxias e Rua Conselheiro Nébias à Alameda Cleveland, região conhecida como 'cracolândia', os índices de roubo registraram queda de 32% de 2013 a 2015 (na comparação dos períodos de janeiro a outubro, com base no Infocrim). Os outros crimes (furtos, roubo de veículo e lesão corporal dolosa) tiveram quedas ainda mais expressivas", diz a nota, que chama atenção também para a parcialidade das fontes escolhidas para comentar o tema.
"Um dos entrevistados é Fábio Fortes, presidente do Conseg de Santa Cecília, que não é considerado fonte isenta por ser opositor ideológico e político-partidário do DBA e da Prefeitura".
Essa não é a primeira vez que um jornal distorce ou omite dados em relação ao programa De Braços Abertos. Em novembro do ano passado, por exemplo, Fórum fez uma análise sobre uma matéria da Folha de S. Paulo que transformava uma adesão de 75% ao programa em "debandada" de 25%.
Confira abaixo a íntegra da nota divulgada pela prefeitura:
Nota de Esclarecimento sobre má-fé jornalística do Estadão
Com má fé jornalística e irresponsabilidade, “O Estado de S. Paulo” forçou uma reportagem para tentar associar uma suposta alta localizada de criminalidade à Prefeitura de São Paulo. No texto “Após 2 anos de ação municipal, roubos avançam 25,4% nos DPs da cracolândia” (A14; 16/01/2016), o jornal relaciona o aniversário de dois anos do programa De Braços Abertos à alta de roubos em três bairros nos períodos de janeiro a novembro de 2013 a 2015, induzindo o leitor a imaginar uma relação causal direta ou estimulando o pensamento equivocado de que a Prefeitura é responsável pela segurança pública, uma atribuição constitucional do Governo do Estado, que faz o policiamento e o combate ao tráfico de drogas.
Aos fatos:
A comparação feita pelo Estadão com dados das delegacias de polícia de três bairros (Bom Retiro, Campos Elíseos e Santa Ifigênia), com dados de janeiro a novembro de 2013 a 2015, mostra que os roubos aumentaram 25%. Porém, o jornal omite que essa alta ficou na média da cidade inteira: o aumento de roubos na capital foi de 24%, considerando o mesmo período, de acordo com os dados disponíveis no site da SSP-SP, a mesma base de dados consultada pelo Estadão.
No quadrilátero formado pelas Alameda Nothmann à Avenida Duque de Caxias e Rua Conselheiro Nébias à Alameda Cleveland, região conhecida como “cracolândia”, os índices de roubo registraram queda de 32% de 2013 a 2015 (na comparação dos períodos de janeiro a outubro, com base no Infocrim). Os outros crimes (furtos, roubo de veículo e lesão corporal dolosa) tiveram quedas ainda mais expressivas.
O jornal ainda afirma ter ouvido “especialistas” que associam o programa DBA ao suposto aumento nos roubos, mas na realidade fez uma repercussão enganosa. Um dos entrevistados é Fábio Fortes, presidente do Conseg de Santa Cecília, que não é considerado fonte isenta por ser opositor ideológico e político-partidário do DBA e da Prefeitura.
O DBA é um programa de trabalho, moradia, assistência social e tratamento médico, de participação voluntária, com centenas de cadastrados. O texto não explica a grave insinuação de que seriam os cadastrados do DBA os responsáveis por roubos em bairros próximos. Caso o Estadão acredite mesmo que dois anos de ação municipal de recuperação de pessoas em situação de grave fragilidade social seja a causa dos roubos em três bairros vizinhos, caberia questionar por que não faz a mesma associação maliciosa com as ações sociais complementares feitas por igrejas, ONGs ou até mesmo o Governo do Estado no mesmo território.