Paraná: Em carta, comando da PM repudia declarações de Francischini

Quinze coronéis da PM paranaense assinaram uma carta de repúdio ao secretário de Segurança Pública Fernando Francischini, que tinha responsabilizado a corporação pelo massacre da semana passada ocorrido em Curitiba. Policiais afirmam que Francischini participou do planejamento, foi informado da possibilidade de haver feridos e aprovou o "plano de contenção"

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Quinze coronéis da PM paranaense assinaram uma carta de repúdio ao secretário de Segurança Pública Fernando Francischini, que tinha responsabilizado a corporação pelo massacre da semana passada ocorrido em Curitiba. Policiais afirmam que o secretário participou do planejamento, foi informado da possibilidade de haver feridos e aprovou o "plano de contenção" Por Redação  Na última segunda-feira (4), o secretário de Segurança Pública do Paraná, Fernando Francischini, se isentou de qualquer responsabilidade na operação policial do Centro Cívico de Curitiba que deixou centenas de manifestantes feridos e jogou toda a culpa para o comando da Polícia Militar. As declarações do secretário, no entanto, não agradaram a corporação que, nesta terça-feira (5), enviou ao governador Beto Richa (PSDB) uma carta de repúdio ao secretário. No documento, redigido pelo comandante-geral da Polícia Militar, Cesar Kogut, e assinado por outros quinze coronéis, a PM afirma que Francischini teve, sim, responsabilidade sobre o ocorrido na última quarta-feira. De acordo com os policiais, ele teria participado do planejamento, sido informado da possibilidade de haver feridos e ainda teria aprovado o plano de contenção. Eles dizem ainda que Francischini teria sido informado sobre as ações da polícia em tempo real e que sabia de todos os desdobramentos. A carta do comando da PM paranaense vem como mais um peso para desestabilizar a permanência de Francischini no cargo. Na manhã desta quarta-feira (6), de acordo com fontes do governo do Paraná, o secretário teria entrado em uma reunião com Beto Richa já demitido, mas teria ganhado um segundo voto de confiança depois de um forte apelo emocional. Confira abaixo a íntegra da carta dos policiais:

CARTA AO EXCELENTÍSSIMO SENHOR GOVERNADOR DO ESTADO DO PARANÁ

O Comando da Polícia Militar do Paraná, instituição sesquicentenária que labuta diariamente em prol da segurança pública do Estado do Paraná, cumprindo incansavelmente a sua missão constitucional, vem perante Vossa Excelência manifestar o seu repúdio às declarações atribuídas pela Imprensa ao Secretário de Estado da Segurança Pública, em data de 04 de maio de 2015 – e até agora não desmentidas – as quais atribuem única e tão somente à PMPR a responsabilidade pelos fatos ocorrido em 29 de abril de 2015, quando da manifestação dos professores, pelos fundamento abaixo delineados.

a) A Polícia Militar do Paraná esteve presente no dia 29 de Abril de 2015, cumprindo o seu papel constitucional de preservação da ordem pública, no intuito de garantir a ordem pública e impedir uma possível invasão à Assembleia Legislativa do Estado do Paraná, em atendimento ao interdito proibitório expedido pela Justiça paranaense, devidamente comandada, com planejamento prévio e ciente dos desdobramentos que poderia advir.

b) Que o Senhor Secretário de Segurança Pública foi alertado inúmeras vezes pelo comando da Tropa empregada e pelo Comandante-Geral sobre os possíveis desdobramentos durante a ação e que mesmo sendo utilizadas as técnicas internacionalmente reconhecidas como as indicadas para a situação, pessoas poderiam sofrer ferimentos, como realmente ocorreu, tendo sido vítimas manifestantes e policiais militares empregados na operação.

c) Que imediatamente após os fatos foi determinada a abertura de Inquérito Policial Militar para a apuração dos possíveis excessos, no sentido de serem responsabilizados todos os que tenham dado causa aos mesmos.

d O que não se pode admitir em respeito à tradição da Polícia Militar do Paraná, seus Oficiais e Praças, que seja atribuída a tão nobre corporação a pecha de irresponsável ou leviana, por não ter sido realizado um planejamento, ou mesmo que tenha sido negligente durante a operação, pois todas as ações foram tomadas seguindo o Plano de Operações elaborado, o qual foi aprovado pelo escalão superior da SESP, tendo inclusive o Senhor Secretário participado de diversas fases do planejamento, bem como é importante ressaltar que no desenrolar dos fatos o Senhor Secretário de Segurança Pública era informado dos desdobramentos.

e) O Comando e os demais integrantes da Corporação deixam claro a Vossa Excelência que nunca deixarão de cumprir o seu juramento desempenhar com honra, lealdade e sacrifício de sua própria vida, as suas obrigações, na defesa da Pátria, do Estado, da Constituição e das Leis.

Curitiba, R, 5 de Maio de 2015.

Cel. QOPM Cesar Vinícius Kogut,

Comandante-Geral da PMPR