ONU: Ação organizada de mulheres reduziu violência no Brasil

“Acho que de toda essa construção do movimento de mulheres, das leis e das políticas, nós estamos vendo os resultados. Mas são coisas que devem ser mantidas e aprimoradas. Continuar trabalhando nas escolas, nas mídias", afirmou Nadine Gasman, da ONU Mulheres Brasil, em seminário na capital paulista.

(Foto: Flickr/FdE)
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“Acho que de toda essa construção do movimento de mulheres, das leis e das políticas, nós estamos vendo os resultados. Mas são coisas que devem ser mantidas e aprimoradas. Continuar trabalhando nas escolas, nas mídias", afirmou Nadine Gasman, da ONU Mulheres Brasil, em seminário na capital paulista  Por Daniel Mello, da Agência Brasil  A pressão exercida pelas organizações de mulheres ajudou a reduzir a violência de gênero das últimas décadas, na avaliação da representante das Nações Unidas para a Igualdade de Gênero e o Empoderamento das Mulheres – ONU Mulheres Brasil, Nadine Gasman. “Acho que de toda essa construção do movimento de mulheres, das leis e das políticas, nós estamos vendo os resultados. Mas são coisas que devem ser mantidas e aprimoradas. Continuar trabalhando nas escolas, nas mídias”, afirmou, após participar da abertura do 1º Seminário Internacional Cultura da Violência contra as Mulheres, na capital paulista. A opinião é compartilhada pela professora da London School of Hygiene & Tropical Medicine Lori Heise, que acaba de lançar um artigo comparando a violência contra mulher em diversos países. Segundo o estudo, no Brasil a violência de gênero é menor do que países de situação econômica semelhante, como o Peru. “O que nós vemos são os frutos de décadas de organização das mulheres aqui no Brasil. Eu não tenho os dados para saber como era há 30 anos, mas suspeito que os níveis de aceitação da violência caíram”, destacou, depois de expor as principais conclusões do trabalho. Heise disse que constatou uma forte relação entre o desenvolvimento econômico e a redução das agressões. “Na média, o que nós vemos é que o Brasil não um dos melhores ou dos piores. Está melhor do que a maioria entre os países de renda média. O que vemos é uma relação forte entre PIB [Produto Interno Bruto] per capita e os níveis de violência. Nos países muito pobres, vemos altas taxas de violência. Nos países muito ricos, vemos taxas baixas de violência”, detalhou. Isso mostra, segundo a professora, que a medida que os países avançam economicamente a tendência é que o movimento seja acompanhado por mudanças na legislação e de mentalidade. “E nós começamos a ver isso em cada vez mais países. Quando as mulheres entram no mercado de trabalho, elas começam a fazer exigências e as condições sociais mudam. Obviamente, o Brasil foi beneficiado por algumas dessas mudanças, e a partir do trabalho desses grupos de mulheres”, acrescentou. A ministra de Políticas para as Mulheres, Eleonora Menicucci, ressaltou que para conseguir mais avanços é necessário investir em educação. “Não há mudança de cultura sem a educação. A educação dentro de casa, fora de casa. Nos grupos, nas escolas e nas universidades. Se nós não educarmos para a cidadania, a cultura da violência vai continuar”, enfatizou. Nesse sentido, a ministra destacou uma parceria com o Ministério da Educação para introduzir nos currículos do ensino médio e fundamental a questão da violência contra a mulher. “Eu tenho esperança que isso seja implementado em 2016”, disse. Foto: Flickr/FdE