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Em uma ação integrada com a diretoria da Etec Parque da Juventude, pais, responsáveis e funcionários terceirizados que são contra as ocupações teriam realizado revistas nos estudante, os intimidado e filmado durante a aula em um espaço alternativo que foram obrigados a frequentar; professor confirma o episódio, mas administradora da escola técnica nega
Por Ivan Longo
Para impedir novas ocupações e identificar estudante potencialmente "perigosos", pais e responsáveis teriam entrado em uma unidade de ensino, filmado e intimidado garotos e garotas. Ao menos é o que denunciam alunos e professores da Escola Técnica Parque da Juventude, que fica na zona norte de São Paulo (SP). Administrada pelo Centro Paula Souza - autarquia do governo do Estado ligada à Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação (SDECTI) - a escola está ocupada, desde 1 de dezembro, por estudantes que são contra a reorganização proposta pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) e que fecharia mais de 90 unidades de ensino.
De acordo com um professor da escola que preferiu não se identificar, temendo represálias, a diretoria estaria em contato, desde a semana passada, com pais e responsáveis que são contra as ocupações para organizar ações que impeçam uma ofensiva da luta dos estudantes secundaristas. A diretora teria obrigado todos os alunos a assistirem, a partir da última segunda-feira (14), aulas de "reposição" em um prédio da Etec na região central da capital. No local, pais, responsáveis e funcionários terceirizados teriam controlado a entrada dos estudantes, os revistado e os filmado, inclusive dentro da sala de aula.
"Chegamos no prédio e notamos que além dos alunos da escola, corpo docente e os funcionários terceirizados do PJ, alguns pais dos alunos contra a ocupação estavam lá acompanhando seus filhos (...) Quando deu o horário os pais definiram a ordem em que entraríamos no prédio e para a nossa surpresa seríamos revistados na entrada. Ficamos revoltados querendo saber o sentido daquilo e, "por coincidência", em um momento só faltavam entrar no prédio as salas da maioria dos ocupantes. Diversos pais, então, tiraram seus celulares dos bolsos e começaram a nos gravar", relatou de forma privada no seu Facebook uma aluna da escola que também preferiu não se identificar.
De acordo com a jovem, para impedir que os estudantes se organizassem, pais acompanharam aulas de dentro da sala e permaneceram filmando estudantes. Além do constrangimento, os pais, em parceria com funcionários terceirizados, teriam entrado em discussão com alunos e alunas que questionavam a ação. Um aluno ainda, segundo a estudante, teria tido seu colar em formato de corrente e cadeado apreendido por um dos funcionários.
"Esse foi primeiro e maravilhoso dia de reposição, assédio e humilhação", escreveu a aluna no final de seu post.
À Fórum, a estudante disse ainda que, após procurarem a coordenação pedagógica, foi realizada uma reunião entre alunos, pais e coordenadores. Os pais, segundo ela, tinham dois minutos para fazer perguntas e os estudantes apenas um para responder. Coordenadores e responsáveis teriam estabelecido que eles não estariam na escola no dia seguinte se "parassem de causar".
Nesta terça-feira (15), de acordo com a aluna, pais e responsáveis não entraram no colégio mas permaneceram espionando da parte de fora, sob a supervisão de carros de polícia.
Procurado, o Centro Paula Souza informou à Fórum que, de fato, alguns pais acompanharam os filhos no primeiro dia de reposição e informou que estudantes "chegaram para assistir aula com chave e cadeado" e que, por isso, "a equipe da Etec verificou as mochilas de modo a garantir a segurança de todos os alunos". A assessoria de comunicação da autarquia, no entanto, não comentou os relatos de filmagens por parte dos pais, nem as denúncias de assédio ou intimidação.
A diretoria da escola técnica, por sua vez, não respondeu aos contatos da reportagem.
Foto: Reprodução/Facebook ETEC Parque da Juventude