Depois de momentos de tensão com a Polícia Militar, que tentou invadir o local, cerca de 300 estudantes conseguiram consolidar a ocupação na Escola Estadual Salvador Allende Grossens, na zona leste da capital; "Somente nós podemos lutar por nós mesmos", diz aluno
Por Ivan Longo
[caption id="attachment_75295" align="alignleft" width="324"] Estudantes se organizam e discutem ocupação. (Foto: Gabriel Binho/Jornalistas Livres)[/caption]
Começou às 5h da manhã desta quinta-feira (12) a terceira ocupação feita por estudantes em escolas de São Paulo contra a 'reorganização' do sistema proposta pelo governo de Geraldo Alckmin (PSDB). Depois da Escola Estadual Diadema, no ABC, e da Escola Estadual Fernão Dias, em Pinheiros, entraram na mobilização alunos da Escola Estadual Salvador Allende Grossens, no Conjunto José Bonifácio, zona leste da capital.
A unidade será uma das que deixará de existir com a alteração proposta pelo governo do estado e os estudantes terão que ser transferidos e distribuídos entre outras escolas da região.
Depois de alguns momentos de tensão nas primeiras horas da manhã com a Polícia Militar, os alunos conseguiram, finalmente, consolidar a ocupação do espaço - que já conta com cerca de 300 alunos. De acordo com o educador Paulo Martins, que acompanha a ocupação do lado de fora, a PM só não entrou no prédio e agiu com truculência pois, previamente, os estudantes já haviam contatado advogados que estavam no local.
"Tínhamos advogados na porta e, se não fossem eles, certamente a PM teria entrado. Os advogados alegaram que os policiais não tinham mandato para invadir e isso os intimidou", contou. Neste momento, segundo o educador, a PM não pressiona mais mas ainda está rondando a região.
Diego Italo, estudante de 18 anos no 3º ano do Ensino Médio da escola, ressaltou que os alunos não têm medo e que estão dispostos a ocupar a unidade "o tempo que for preciso".
"Todo mundo aqui é contra. Vamos ocupar, lutar até o fim. Somente nós podemos lutar por nós mesmos", disse.
O estudante, que conhece na prática as políticas de educação adotadas pela atual gestão, afirmou que nem ele e nem qualquer estudante da Salvador Allende acreditam nas justificativas e nos planos do governo.
"Ele [Geraldo Alckmin] diz que vai ter escola para todo mundo. Mostraram aqui toda a papelada para a gente dizendo que cada sala de aula vai ter, no máximo, 45 alunos. É mentira! Só aqui já tem mil alunos. Se tudo fosse como está no papel, seriam as mil maravilhas. Mas a gente sabe que não é", pontuou.
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Foto: O Mal Educado