Escrito en
BRASIL
el
Dois dias depois de ter conversado com o Papa sobre a "Copa da Paz", a presidenta reafirmou o compromisso do governo em coibir a violência em protestos, mas não falou sobre a ação da Polícia Militar de São Paulo no último sábado
Por Rede Brasil Atual
[caption id="attachment_42973" align="alignleft" width="360"] Dilma não teceu nenhum comentário sobre abusos policiais durante as passeatas (Foto Mídia Ninja)[/caption]
Questionada sobre a continuidade dos protestos contra a realização da Copa do Mundo no Brasil, a presidenta Dilma Rousseff repetiu ontem (24) que é preciso respeitar o direito de manifestação, mas condenou a violência dos manifestantes e reforçou compromisso do governo em aprovar uma lei antiterrorista. Em entrevista a jornalistas brasileiros que a acompanham em visita a Bruxelas, na Bélgica, onde manteve reuniões com membros da União Europeia, Dilma mencionou a morte do cinegrafista da Band, Santiago Andrade, mas não teceu nenhum comentário sobre abusos policiais durante as passeatas, como os cometidos pela PM em São Paulo no último sábado (22).
“Eu acho que manifestação, o Brasil tem que ter um compromisso democrático. É um direito consagrado. Manifestação é um direito constitucional, é um processo de democratização e temos todos que valorizar”, afirmou a presidenta. “Outra coisa diferente é, por exemplo, a morte do cinegrafista. Isso não é democrático, isso é criminoso e não pode continuar, até pelo bem da manifestação democrática.” Dilma aproveitou para comentar que seu governo está “comprometido” com a discussão de uma lei que regule as passeatas no país. “A Constituição é clara: é livre o direito de expressão, vedado o anonimato”, citou. “Garantir as condições para o direito de manifestação passa por não quebrar patrimônio público e privado, não ferir as pessoas, não matar as pessoas. Com isso não pode ter complacência. A posição do governo é: tem de coibir.”
No dia marcado para a segunda manifestação Se Não Tiver Direitos, Não Vai Ter Copa, realizada em São Paulo no sábado, a PM deslocou um efetivo de 2,3 mil homens para monitorar a marcha de 1,5 mil pessoas. Em dado momento, cerca de uma hora depois do início da passeata, policiais cercaram os manifestantes sem que tivesse ocorrido qualquer ato de vandalismo ou violência. Aos gritos de “Senta! senta!” e ameaçando as pessoas com cassetetes, os soldados colocaram todos no chão e começaram a revistá-los aleatoriamente. Muitos foram agredidos com enforcamentos e chaves-de-braço, e passaram por revistas humilhantes. Uma jovem teve a camiseta arrancada, foi colocada de joelhos e ficou com a calcinha à mostra.
Enquanto isso, Dilma relatava por meio de sua conta no Twitter conversas que havia mantido com o papa Francisco no Vaticano, onde estava para acompanhar a nomeação do bispo brasileiro Dom Orani Tempesta como cardeal. “Comentei ao papa que nossa 'Copa das Copas' tem dois temas: Copa Pela Paz e Copa Contra o Racismo”, afirmou, comunicando que o sumo pontífice deverá gravar uma mensagem com esses motes. “É uma forma de mostrar que o futebol, ao congregar centenas de nações, criar um espírito de fraternidade e despertar tanta emoção. Também é o momento para defendermos a paz e nos manifestarmos contra o preconceito, causas que unem todos os povos e religiões.”
Já em Bruxelas, também hoje, antes de conversar com os jornalistas, Dilma voltaria a falar sobre as expectativas do governo para a realização da Copa do Mundo. “A Copa não será apenas um evento esportivo. Será um evento esportivo, sim, esse é o principal aspecto da Copa, mas também é uma oportunidade do Brasil se mostrar ao mundo, mostrar a força e a vitalidade da nação brasileira, a alegria dos brasileiros em receber todos os seus convidados e quero que todos sejam muito bem-vindos e se sintam em casa no Brasil”, discursou aos membros da União Europeia, em cúpula conjunta com países do Mercosul.