“Quem não reza a cartilha de Aécio Neves sofre ameaças em MG”, acusa deputado

Rogério Correia afirma que Minas vive um "estado de exceção" e censura aos veículos que fazem oposição ao senador virou prática comum

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Rogério Correia afirma que Minas vive um "estado de exceção" e censura aos veículos que fazem oposição ao senador virou prática comum Por Marcelo Hailer [caption id="attachment_40265" align="alignleft" width="300"] Foto: Aqruivo[/caption] O jornalista Marco Aurélio Carone, diretor de redação do veículo mineiro NovoJornal, que faz oposição ao senador Aécio Neves (PSDB-MG), teve prisão preventiva executada na manhã desta segunda-feira (20), sob acusação de formação de quadrilha. Parlamentares da oposição denunciaram o que consideram “censura” aos meios oposicionistas mineiros. A reportagem da revista Fórum entrou em contato com o advogado de Marco Carone, Ernanes Alecrim, que preferiu não se pronunciar neste momento, pois acredita que qualquer declaração pode prejudicar ainda mais Carone em seu processo. Parlamentares da frente pela liberdade de imprensa (Frente Minas Sem Censura) já entraram com requerimento na Comissão de Direitos Humanos para fazer um debate sobre a questão de censura à imprensa mineira. O deputado Rogério Correia (PT-MG), que também faz parte do bloco Minas Sem Censura, conversou com Fórum e traçou um panorama do cenário que levou o jornalista à prisão. Correia diz que as acusações contra Marco Aurélio Carone são “fantasiosas” e que este tipo de situação – ameaças e prisões – acontecem com todos aqueles que resolvem fazer oposição ao senador Aécio Neves (PSDB-MG) e a sua irmã, Andréa Neves. O parlamentar afirma que “Minas Gerais vive um estado de exceção”. Correia conta também que ele próprio, após denunciar a Lista de Furnas (mensalão tucano), passou a sofrer ameaças, inclusive de cassação do seu mandato. Sobre o NovoJornal, Correia conta que a censura se tornou algo comum com todos aqueles que fazem oposição em Minas. Vale lembrar que o senador Aécio Neves move processo contra o Google e Facebook no que diz respeito ao direito de imagem. Fórum - O senhor afirmou que Minas Gerais vive um estado de exceção. Por que? Rogério Correia - Comecei a fazer contatos agora, por telefone, e os advogados estão tendo muitas dificuldades de acesso ao processo, ele (Carone) está muito doente. Aqui em Minas, há uma nítida perseguição aos que fazem oposição, isso é muito claro. E isso, nós, do bloco Minas Sem Censura, vamos debater. Aliás, já apresentamos um requerimento pra discutir isso na Comissão de Direitos Humanos. Vamos debater o que há em torno dessa questão e o que há de fato nessa prisão. Ele tem um site (NovoJornal) e fazer oposição se tornou um ato perigoso. Eu mesmo já fui ameaçado de ter o mandato cassado por que recolhi denúncias em relação aos tucanos, dentre as quais o “mensalão tucano” e a Lista de Furnas, e com isso ameaçaram a cassação do meu mandato. Aqui em Minas há um Estado de exceção. Fórum - A perseguição alegada por Carone começou posteriormente à divulgação da Lista de Furnas? Correia - Todo mundo que não reza a cartilha de Aécio Neves sofre ameaças em Minas Gerais. Fui ameaçado de ter o meu mandato cassado pois as denúncias são feitas e existem outras questões que são jogadas embaixo do tapete. A Rádio Arco-íris não pode ser investigada, o chefe da procuradoria (anterior ao atual) engavetou uma denúncia que estava sendo averiguada por outro promotor, que estava averiguando recursos que foram indevidamente para a rádio do Aécio Neves. É uma denúncia antiga e todo mundo ficou sabendo que o dinheiro ia pra rádio dele, mas ele não deixa investigar. Quando o promotor iniciou a investigação, o chefe da procuradoria engavetou. O problema do Aécio com a área da saúde: a promotoria de saúde do estado entrou com uma ação cobrando do Aécio R$ 4, 3 bilhões, o procurador atual também mandou engavetar, desautorizando, inclusive, toda a promotoria de saúde. O Tribunal de Contas, pra você ter uma ideia, aprovou um termo de Ajustamento de Gestão permitindo ao estado não aplicar a Constituição no que diz respeito à saúde; na Assembleia Legislativa não existe uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) aprovada, é proibido isso aí. E a imprensa segue as determinações de Andrea Neves. Quem faz, portanto, oposição a esse sistema, corre risco, é ameaçado de cassação de mandato, agora têm prisões preventivas. E essa prisão preventiva do Carone é no mínimo estranha. O Aécio já é conhecido como “Aecim Malvadeza”. Fórum - O objetivo central seria acabar com o NovoJornal? Correia - Sem sombra de dúvidas. Eles já tinham tentado isso antes. Uma das questões centrais aqui é a censura, isso já é tradicional em Minas. Agora, sobre o caso dele [Carone], vamos fazer um debate mais amplo sobre isso, pois não dá pra engolir. A justificativa que foi feita por parte do sistema daqui de Minas Gerais como se fosse a verdade, tem que ser debatido, vasculhado, desvendado. Não pra dizer que a versão deles é a verídica. Fórum - No processo, Carone é acusado de formação de quadrilha e que ele utilizava o NovoJornal para difamar figuras públicas. Correia - É o que falei, essa versão é fantasiosa pra proteção do senador Aécio Neves. Fórum - Fazer jornalismo de oposição em Minas é um risco? Correia - Ah sim, isso está perigoso. Fazer oposição aqui é uma atividade perigosa, difícil e perigosa.