Aécio preferia tirar o sapato nos EUA

Ele preferia os tempos de FHC, quando o ministro das Relações Exteriores, Celso Lafer, tirava os sapatinhos para ser apalpado quando chegava aos aeroportos dos EUA, num gesto de subserviência patético

Aécio Neves não gostou da decisão da presidente Dilma Rousseff de cancelar a visita oficial a Barack Obama, o chefão da espionagem internacional (Foto: Governo de Minas Gerais / Leo Drumond / Flickr)
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Ele preferia os tempos de FHC, quando o ministro das Relações Exteriores, Celso Lafer, tirava os sapatinhos para ser apalpado quando chegava aos aeroportos dos EUA, num gesto de subserviência patético Por Altamiro Borges, no Blog do Miro [caption id="attachment_31438" align="alignleft" width="300"] Aécio Neves não gostou da decisão da presidente Dilma Rousseff de cancelar a visita oficial a Barack Obama, o chefão da espionagem internacional (Foto: Governo de Minas Gerais / Leo Drumond / Flickr)[/caption] Aécio Neves não gostou da decisão da presidente Dilma Rousseff de cancelar a visita oficial a Barack Obama, o chefão da espionagem internacional. “Todos nós já demonstramos a nossa indignação em relação à espionagem havida. Ela é inadmissível. Mas seria muito mais adequado que a presidente dissesse isso objetiva e claramente ao presidente americano e aproveitasse a viagem não apenas para enfrentar esta questão, mas para defender os interesses da economia e, até mesmo, de determinadas empresas. Era a oportunidade de a presidente ter uma agenda afirmativa em defesa dos interesses do país. Ela opta mais uma vez por privilegiar o marketing”, afirmou o cambaleante presidenciável tucano. O anúncio do cancelamento da visita foi feito nesta terça-feira. Em nota oficial, a presidenta Dilma afirmou que “o governo brasileiro tem presente a importância e a diversidade do relacionamento bilateral, fundado no respeito e na confiança mútua”. Mas, de forma altiva, enfatizou: “As práticas ilegais de interceptação das comunicações e dados de cidadãos, empresas e membros do governo brasileiro constituem fato grave, atentatório à soberania nacional e aos direitos individuais, e incompatível com a convivência democrática entre países amigos... Tendo em conta a proximidade da programada visita de Estado a Washington – e na ausência de tempestiva apuração do ocorrido, com as correspondentes explicações e o compromisso de cessar as atividades de interceptação – não estão dadas as condições para a realização da visita na data anteriormente acordada”. De imediato, o presidente nacional do PSDB reagiu à decisão. Para Aécio Neves, ela é pura jogada de “marketing”. Ele preferia os tempos de FHC, quando o ministro das Relações Exteriores, Celso Lafer, tirava os sapatinhos para ser apalpado quando chegava aos aeroportos dos EUA, num gesto de subserviência patético. No triste reinado dos tucanos, o Brasil adotou a política do chamado “alinhamento automático” com o império. Ela quase resultou na assinatura do acordo neocolonial da Área de Livre Comércio das Américas (Alca) e na cessão da base militar de Alcântara (MA) para as forças armadas dos EUA. Foi também neste período que a espionagem ianque foi aceita sem alardes e objeções. O senador mineiro várias vezes já disse e escreveu que discorda da política externa mais altiva dos governos Lula e Dilma, que garantiu maior projeção internacional ao país. Ele costuma rotulá-la “terceiro mundista” e “bolivariana”. Para ele, o Brasil deveria retomar a política do “alinhamento automático” com os EUA, rompendo as relações privilegiadas com os países do Brics e os esforços da integração latino-americana. No seu sonho presidencial, cada dia mais distante, Aécio Neves talvez também gostaria de tirar os sapatinhos nos aeroportos dos EUA.