Segundo o deputado petista Luiz Claudio Marcolino, cartel atuava em outras áreas do governo de SP, além do Metrô e da CPTM
Por Felipe Rousselet
Nesta quinta-feira (12) deputados da bancada do PT na Assembleia Legislativa de São Paulo se reuniram com o promotor público do Patrimônio Público e Social, Valter Foleto Santin, e outros sete procuradores do MP, para buscar informações sobre as investigações do esquema de cartel e pagamento de propinas em licitações da CPTM e do Metrô.
Entre 2008 e 2013, a bancada do PT protocolou quinze representações ao MP-SP denunciando irregularidades, pagamentos de propinas e sobrepreço em licitações do Metrô e da CPTM. Em julho deste ano, as suspeitas da oposição se confirmaram quando a empresa Siemens delatou ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) que, junto com 11 outras empresas, fraudou licitações, pagou propinas para autoridades do governo paulista e superfaturou os preços em até 30%.
Após o encontro a portas fechadas, realizado na sede do Ministério Público de São Paulo, os deputados petistas Luiz Claudio Marcolino e Antonio Mentor falaram com a imprensa. “Ajustamos com eles uma ação conjunta da Assembleia Legislativa e do Ministério Público para que possamos também trazer elementos e informações que levantamos e estamos trabalhando para que elas possam ser acrescidas aos processos em andamento para agilizar o processo da investigação”, afirmou o deputado Luiz Claudio Marcolino.
O deputado Antonio Mentor comentou a respeito de questões com as quais a bancada do PT pode colaborar com o Ministério Público. “Temos algumas informações que trouxemos hoje informalmente, mas vamos trazer documentadas. São aspectos importantes para a investigação como a diferença de preço na aquisição de trens de uma licitação para a outra, que dois anos depois o preço reduziu em 30%. É inexplicável isso. A contratação de apólices de seguro para defender eventualmente os diretores do Metrô no futuro, pagando valores altíssimos que vêm subindo à medida que as desconfianças em relação a estes dirigentes aumentam. Valores perto de R$ 1 milhão. Enfim, questões deste tipo e outras que tivemos”, disse o deputado.
Segundo os deputados, o MP apresentará em breve revelações “bombásticas” sobre o caso. “Eles [procuradores que trabalham nos processos] colocaram que seríamos surpreendidos pelo que pode vir nos próximos dias”, disse Marcolino. O parlamentar afirmou ainda que a bancada do PT vai continuar insistindo na abertura de uma CPI sobre o caso. Atualmente, a oposição conseguiu 27 assinaturas das 32 assinaturas necessárias para a instalação de uma CPI. A lista de deputados favoráveis ao procedimento conta com 22 assinaturas de parlamentares petistas, duas do PC do B, uma do PSOL, uma do PDT, e apenas uma assinatura de um deputado da base aliada do governo, do deputado Milton Leite Filho (DEM).
“A CPI consegue fazer algumas ações que mesmo o Ministério Público, com seu papel de investigação, não consegue fazer, quebra de sigilo bancário, faz um acompanhamento mais efetivo em relação aos agentes públicos envolvidos no processo do Metrô, da CPTM, da Siemens e da Alstom”, defendeu Marcolino. “Uma CPI conseguimos concluir em 120 dias. Uma investigação do MP pode demorar muito tempo. Às vezes você faz um pedido de uma informação e demora seis meses, um ano, para essa informação chegar”, completou o deputado.
Por fim, Marcolino afirmou que o cartel não atuava somente no setor de transportes. “Além do Metrô e da CPTM, atuaram na Sabesp, na Companhia de Transmissão de Energia, na Saúde, principalmente em equipamentos encaminhados pela Siemens. Temos áreas importantes do estado em que esse consórcio já atuava”, concluiu.