Escrito en
BRASIL
el
Ministério Público Federal convidou atual presidente da companhia para dar aulas de “compliance” – controles éticos empresariais – aos procuradores brasileiros
Por Fernando Brito, no Tijolaço
O José Simão, da Folha, tem razão: o Brasil é o país da piada pronta.
[caption id="attachment_29949" align="alignright" width="360"] (Rufus46/Wikipedia)[/caption]
E essa notícia agora que o Ministério Público Federal convidou o presidente da Siemens para dar aulas de “compliance” – controles éticos empresariais – aos procuradores brasileiros.
Paulo Starck, atual presidente, assumiu o lugar de Adílson Primo em outubro de 2011, quando este foi demitido numa história nunca bem esclarecida.
Segundo o Estadão, “a iniciativa causou perplexidade e indignação de procuradores que contestam o fato de a escolhida para o evento ter sido justamente a empresa que está no centro do escândalo do cartel no setor metroferroviário, sob investigação do MPF, da Polícia Federal e do Ministério Público de São Paulo. Procuradores consideram “inadequado” o convite à Siemens, ainda que seu presidente não esteja sob suspeita de práticas ilícitas – Stark depôs à PF, semana passada, na condição de testemunha.”
Pudera, né? Convidar a raposa – mesmo sob nova direção – para vir dar lições no galinheiro é o fim da picada. O senhor Starck tem que contar como se faziam as maracutaias ali no banco das testemunhas.
Nos Estados Unidos e na Alemanha, em lugar de tomar aulas, a Justiça tomou foi o dinheiro da Siemens, condenada a pagar mais de R$ 3 bilhões em multas por distribuir propinas.
Mesmo que Starck nunca tenha sabido de nada nos anos que passou lá dentro, a sua empresa vai ter de pagar – e muito caro – pelos arranjos escusos que fez com o governo paulista. E, claro, como presidente da Siemens, é natural que ele queira que ela não pague, ou pague pouco.
Mas parece que tem gente no MP que se esqueceu do que significa a palavra decoro.
Essa vai para o Jabuticaba News, destas coisas que só acontecem no Brasil.