Rede americana Laureate compra a FMU

Transação é a maior aquisição no ensino superior privado brasileiro desde a fusão da Kroton com a Anhanguera e aprofunda ainda mais a o domínio de grupos estrangeiros neste mercado

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Transação é a maior aquisição no ensino superior privado brasileiro desde a fusão da Kroton com a Anhanguera e aprofunda ainda mais a o domínio de grupos estrangeiros neste mercado

Da Redação

Foi anunciada nesta sexta-feira (23), a compra de mais uma instituição privada de ensino superior por um grupo internacional. O negócio da vez foi a aquisição da FMU (Faculdades Metropolitanas Unidas) pela rede americana Laureate, que já é dona da Anhembi Morumbi. A FMU foi criada em 1968 pelo advogado Edvaldo Alves da Silva e hoje possui aproximadamente 90 mil alunos, 40 prédios só na cidade de São Paulo e um faturamento bruto calculado em R$ 450 milhões.

A compra da FMU pela Laureate representa a maior transação no setor de ensino superior privado no Brasil desde a fusão entre a Kroton e a Anhanguera, que criou o maior grupo educacional do mundo. A venda da FMU abrange todas as suas unidades em São Paulo, incluindo as Faculdades Integradas de São Paulo e a Fiam-Faam Centro Universitário. Com a concretização do negócio, a Laureate já adquiriu 12 instituições em oito estados brasileiros, entre elas a Business School São Paulo e a Universidade de Salvador.

Inicialmente voltada para um público de maior poder aquisitivo, classes A e B, nos últimos cinco anos instituição optou por reduzir as mensalidades em 25% e assim atrair alunos de uma faixa de renda mais baixa. A instituição, que anteriormente concorria com universidades como a PUC e o Mackenzie, passou a ter como concorrentes instituições mais populares, como a Anhanguera.

Diante da demanda por vagas no ensino superior privado, catapultada ainda mais por programas de bolsas e financiamento como o ProUni e o FIES, após a mudança de público alvo a compra da FMU se tornou ainda mais interessante para os investidores. O maior problema para a concretização do negócio, que vinha sendo costurado há um ano, era a resistência do dono em vender. Porém, o advogado Edvaldo Alves da Silva, hoje um octogenário, foi convencido pelos filhos.

A Laureate começou a investir no setor de ensino superior privado no Brasil em 2005, quando adquiriu parte da Anhembi Morumbi. O negócio é tido como o primeiro da onda de aquisições de instituições privadas brasileiras por grupos internacionais controlados por fundos de investimento. Com a aquisição da FMU, diminuem ainda mais o número de grandes instituições privadas de educação superior que ainda não são controladas por grupos internacionais. São Judas, Unip e Uninove já estão na mira dos investidores internacionais.

Na edição 124 da Revista Fórum, os jornalistas Felipe Rousselet e Glauco Faria apresentam um panorama do avanço de grupos internacionais no ensino superior privado no Brasil e as consequências deste fenômeno para a qualidade do ensino oferecido e para o país. Na matéria Sob Domínio do Capital Estrangeiro, representantes de universidades brasileiras, entidades de classe e acadêmicos argumentam que os grupos internacionais, como precisam apresentar resultados financeiros aos seus investidores, optam por uma educação de baixo custo e isso acaba por mercantilizar o ensino superior privado, o que traz malefícios diretos a qualidade da formação oferecida aos alunos.

Com informações do jornal O Estado de S.Paulo. 

(Foto de capa: Reprodução)