“Fui torturado pelo Coronel Ustra”, diz vereador Natalini

Sessão teve que ser interrompida após bate boca entre vereador e militar processado por ocultação de cadáver

Natalini acusou Ustra (foto) de ter comandado as sessões de tortura do vereador paulistano (Foto: Wilson Dias/ABr)
Escrito en BRASIL el
Sessão teve que ser interrompida após bate boca entre vereador e militar processado por ocultação de cadáver Por Igor Carvalho [caption id="attachment_23871" align="alignleft" width="460"] Natalini acusou Ustra (foto) de ter comandado as sessões de tortura do vereador paulistano (Foto: Wilson Dias/ABr)[/caption] O coronel reformado Carlos Alberto Ustra depôs, nesta sexta-feira (10), na Comissão Nacional da Verdade (CNV), em Brasília. O militar, que comandou o Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi), entre 1970 e 1974, negou envolvimento em ocultações de cadáver e torturas.  "Os terroristas foram mortos em combate", disse Ustra. O fato foi contestado pelo vereador Gilberto Natalini (PV-SP), que é presidente da Comissão Municipal da Verdade de São Paulo. “Eu fui torturado pelo senhor”, disse o parlamentar apontando para Ustra. Logo após a intervenção do vereador paulistano, o militar se manifestou aos gritos. “Não faço acareação com terrorista.” Em seu depoimento para a CNV, Natalini afirmou que “Ustra sempre esteve presente nas sessões de tortura”. O parlamentar, que à época era estudante de medicina e integrante do centro acadêmico, narrou o episódio em que foi colocado nu em uma poça d’água e foi torturado. “Ele [Ustra] chamou a tropa para que eu fizesse uma sessão de poesia. Durante horas ele ficou me batendo com uma vara. Outros vinham e me davam telefone [tapa com as mãos nos ouvidos] e muito eletrochoque.” Os ânimos se exaltaram com apoiadores de ambos os lados gritando. A sessão foi interrompida. Ustra é réu em um processo do Ministério Público Federal pelo sumiço do corpo do estudante de medicina Hirohaki Torigoe, então com 27 anos, assassinado em 5 de janeiro de 1972. “Agi com a consciência tranquila. Nunca ocultei cadáver. Sempre agi dentro da lei”, disse o militar à CNV. O ex-comandante do DOI-Codi afirmou ainda que nunca houve torturas, assassinatos e sequestros praticados pelo órgão de repressão da ditadura militar. Com informações da Agência Brasil