Marcha Mundial das Mulheres divulga nota sobre julgamento da banda New Hit

Nove integrantes da banda são acusados pelo estupro de 2 meninas em agosto de 2012

Protesto da Marcha das Mulheres realizado em outubro de 2012, em Guarajuba (litoral norte da Bahia), onde um dos integrantes da banda New Hit possui uma casa de veraneio. (Foto: Divulgação / Núcleo Negra Zeferina)
Escrito en BRASIL el

 Nove integrantes da banda são acusados pelo estupro de 2 meninas em agosto de 2012

Da Redação

[caption id="attachment_21545" align="alignleft" width="300"] Protesto da Marcha das Mulheres realizado em outubro de 2012, em Guarajuba (litoral norte da Bahia), onde um dos integrantes da banda New Hit possui uma casa de veraneio. (Foto: Divulgação / Núcleo Negra Zeferina)[/caption]

Em agosto de 2012, nove integrantes da banda de axé New Hit foram acusados de estuprarem duas meninas no interior do ônibus do grupo. As meninas subiram para pedir autógrafos e conhecer os integrantes da banda, mas foram vítimas de um brutal estupro coletivo.

Os acusados estão respondendo pelo crime em liberdade e continuam a fazer shows, enquanto as duas vítimas estão distantes da sua cidade e do seu convívio social devido às ameaças de morte que receberam.

O julgamento dos integrantes da banda New Hit está marcado para os dias 18, 19 e 20 de fevereiro. Diante da proximidade do desfecho do caso, o movimento Marcha das Mulheres divulgou nota pressionando pela condenação dos acusados.

Leia abaixo a íntegra da nota: 

NOTA SOBRE O JULGAMENTO DO ESTUPRO COLETIVO PRATICADO POR INTEGRANTES DA BANDA NEW HIT

No dia 26 de agosto de 2012, na cidade de Ruy Barbosa na Bahia, duas adolescentes foram estupradas por 9 homens integrantes da Banda New Hit, dentro do ônibus do grupo.  As meninas se dirigiram ao veículo para pedir autógrafos e parabenizar um dos integrantes que fazia aniversário. Lá, foram violentadas de forma brutal e humilhante, com a conivência e também violência de um Policial Militar.

Em virtude do caso, no dia 26 de outubro de 2012, nós, da Marcha Mundial das Mulheres, fomos até a casa de veraneio do estuprador Eduardo Martins, vocalista da Banda New Hit. Afirmamos que enquanto não houver justiça haverá escracho feminista!

Para nós, exigir a punição de todos os estupradores e agressores às mulheres é tarefa fundamental dos que defendem a igualdade e a liberdade. A  impunidade incentiva e naturaliza a violência contra a mulher.

Além do sofrimento provocado pelo crime violento, as vítimas estão distantes da sua cidade, afastadas do convívio social e tendo suas liberdades cerceadas. Sofreram violência sexual e encontram-se encarceradas por conta das ameaças de morte. Enquanto isso, os autores do crime estão em liberdade realizando shows pelo Brasil. Uma completa inversão de valores, quando quem comete a violência é consagrado, enquanto quem a sofre é relegada ao silêncio e a ter que se esconder para sobreviver.

Casos como esses são cada vez mais recorrentes em nossa sociedade que convive com a violência às mulheres como forma de dominação e exploração.

No geral, a violência é utilizada como controle da vida, do corpo e da sexualidade das mulheres. Muitos estupros tentam ser justificados porque caminhamos sozinhas à noite, porque somos lésbicas, ou quando desobedecemos aos maridos. A lógica da violência funciona como “corretivo” às mulheres consideradas “putas”.  Um castigo por desobedecermos as normas que nos são ensinadas/impostas.

No caso do estupro coletivo cometido pelos integrantes da Banda New Hit não foi diferente. As adolescentes foram julgadas como vagabundas e que mereciam o estupro por terem subido no veículo em que estavam 9 homens.

O estupro é talvez a manifestação mais cruel da violência machista, anuncia o fato de que a mulher não tem possibilidade de escolhas sobre o seu próprio corpo, e que nossas vidas estão inscritas no limite da subordinação aos homens.

Vivemos um momento na conjuntura da vida das mulheres em que a classe dominante tenta consolidar a idéia de que a igualdade já foi alcançada e a luta feminista não é mais necessária. Essa idéia tenta ser difundida principalmente nos países que, por exemplo, possuem mulheres na presidência, ou em outros cargos importantes do Estado, porém, os dados relativos aos índices de violência às mulheres da classe trabalhadora são alarmantes.

Segundo o Mapa da Violência – Homicídios de Mulheres no Brasil, publicado em 2012 pelo Instituto Sangrari, a cada três minutos uma mulher sofre algum tipo de violência. Entre os anos de 1980 e 2010, foram assassinadas mais de 92 mil mulheres no país. Nos últimos dez anos, foram 43,7 mil assassinatos, representando um aumento de 230% em relação ao período anterior. Ademais, sabemos que apenas 2% dos agressores de mulheres são condenados, o que demonstra o completo descaso das autoridades às inúmeras violências sofridas pelas mulheres.

No Brasil, a lei Maria da Penha representa um avanço, fruto da luta do movimento feminista, mas os problemas de precariedade nos órgãos e na rede de atendimento às mulheres, a falta de pessoal especializado, de funcionários capacitados, sucateamento das poucas delegacias de atendimento à mulher e quase inexistência de equipamentos como casas-abrigo públicas, dificultam sua aplicabilidade e o rompimento do ciclo de violência vivido pelas mulheres.

Por tudo isso, convocamos todas e todos ao julgamento dos estupradores que acontecerá nos dias 18, 19 e 20 de fevereiro de 2013, na cidade de Ruy Barbosa, Bahia. Sabemos que o fato deles serem homens com fama e dinheiro os protegem. Somente com muita pressão social e política os estupradores serão condenados. A prisão de Eduardo Martins e de toda a Banda New Hit será uma vitória das mulheres e homens que defendem uma sociedade justa e igualitária.

Defendemos um Projeto Popular para o Brasil e compreendemos que a eliminação da violência contra a mulher e da mercantilização dos nossos corpos é parte fundamental para a construção de uma sociedade em que a justiça, igualdade e liberdade sejam pilares.

Somos Negra Zeferina, Luiza Mahin, Maria Felippa! Empunharemos nossos corpos como espadas para defender uma sociedade justa e igualitária. Somos mulheres organizadas que não silenciam diante de atrocidades como essa. Até que os integrantes da Banda New Hit sejam julgados e condenados não descansaremos! Temos direito a uma vida sem violência e lutaremos por isso.

Por um Projeto Feminista e Popular seguiremos em Marcha até que todas sejamos LIVRES!

QUEREMOS EDUARDO MARTINS PRESO!

ESTUPRO É CRIME E A CULPA NUNCA É DA MULHER!

NEW HIT NA CADEIA!

MARCHA MUNDIAL DAS MULHERES

SOF - Sempreviva Organização Feminista

Conselho da Condição Feminina de Cubatão/SP

União de Mulheres do Município de São Paulo

UNEGRO

Conselho Municipal dos Direitos da Mulher de Lins - São Paulo/SP

Articulação Popular e Sindical de Mulheres Negras de São Paulo

APEOESP – Secretaria da Mulher SP

APP Sindicato - Paraná/PR

Associação dos Servidores do Hospital das Clínicas - São Paulo/SP

Associação IBGE

Associação Recomeçar-  Mogi Das Cruzes/Sp

Casa Cidinha Kopcak

Terra Roxa - Juiz de Fora/MG

Central de Movimentos Populares - RJ

Central de trabalhadoras e trabalhadores do Brasil

Centro de Defesa e Convivência da Mulher Casa Viviane dos Santos

O Teatro Mágico

Centro de Referência da Mulher de Cubatão/SP

Setorial de Mulheres do PT de Santos

Centro Nacional de Resistência e Religiosidade Afro-Brasileira- CENARAB

CIM - Centro Informação Mulher - São Paulo

Cinemulher - São Paulo/SP

Secretaria da Mulher SINPEEM

Ciranda Internacional de Comunicação

Coletivo de mulheres Ana Montenegro

Associação Mulher e Movimento Hip Hop (Hip Hop Mulher) - São Paulo/SP

Coletivo de Mulheres Feministas de Araras/SP

Sindicato dos Bancários - SP

Coletivo de Mulheres PT

Coletivo Maria Maria - Juiz de Fora/MG

Fórum Promotoras Legais e Populares

Coletivo Nacional Enegrecer

Comitê Popular da Copa

Núcleo Feminista Olga Benário -  UF Araguaína/TO

Consulta Popular

UBM - União Brasileira de Mulheres

Coordenação de Promotoras Legais Populares de São Paulo

Coordenação Nacional de Entidades Negras

CUT Minas Gerais

Departamento de Políticas Públicas para Mulheres da Prefeitura de Hortolândia/SP

Diretoria de Mulheres da UNE

Casa Anastácia

Facesp

Federação de Mulheres Paulistas

Coletivo Feminista Marias Baderna

FEM - CUT

Festival Vulva la Vida –BA

Coletivo de Mulheres do PT de Cubatão/SP

Secretaria Estadual e Nacional da Mulher Trabalhadora da CUT

FLM - Frente de Luta por Moradia

Fórum de Mulheres de Torres/RS

Fórum de Mulheres Negras do Estado de São Paulo/SP

ASETT – Comissão de Mulheres A.Latina

Associação Comunitária de Mulheres da Cidade Tiradentes

Frente de Luta por Moradia

Movimento das Mulheres do Sertão do Vale do São Francisco (Bahia e Pernambuco) - Núcleo da MMM

Coletivo Femnista Lélia Gonzáles

Frentex SP

Fuzarca Feminista

Grupo de Mulheres na Periferia - Campinas/São Paulo

Grupo Mulheres na Comunicação à Serviço da vida da Associação Comunitária de Radiodifusão de Independência/CE

Intervozes

Kiwi Companhia de Teatro/Cooperativa Paulista de Teatro - São Paulo/SP

Levante Popular da Juventude

Liga Brasileira de Lésbicas

Confederação das Mulheres do Brasil

Marcha das Vadias Itabuna-Bahia

MMC - Movimento de Moradia do Centro

Secretaria de Mulheres Estadual CUT -SP MNLM - Movimento Nacional de Luta Pela Moradia

Secretaria de Mulheres do PCdoB

Movimento da Mulher Trabalhadora Rural do Nordeste - MMTR-NE

Secretaria de Mulheres do PSOL

Movimento de Mulheres Olga Benário

Secretaria de Mulheres da APEOESP

Marcha das Vadias de São Paulo

Associação da Sociedade Civil "Construindo Gênero" - Cubatão/SP

Movimento de Mulheres PT - Santos

Mulheres PCB

Frente Femnista USP

Núcleo Marcha Mundial das Mulheres da USP

Sindicato dos Psicólogos -SP

Núcleo Negra Zeferina da Marcha Mundial das Mulheres - Salvador/BA

Núcleo UFBA da Marcha Mundial das Mulheres

Movimento de Saúde da Zona Leste/SP

Oriashé - Coletivo de Mulheres Negras - São Paulo/SP

Poéticas Feministas - UNESP

Projeto Maria, Maria - São Paulo

REF - Rede Feminismo e Economia

Secretaria da Mulher dsa APEOESP

Secretaria de Combate às Opressões  -SINDSEF-SP

União dos Estudantes da Bahia Secretaria de Mulheres de Alagoas/CE

Casa Helenira de Rezende

Secretaria de Mulheres do PT-DF

UMMSP

Coletivo de Mulheres do IFRN - Natal/RN

Sindicato dos Advogados de São Paulo

Centro de Estudos Apolônio de Carvalho

Sindprev - Alagoas/CE

Sintaema

Coletivo Emancipar

Sintratel

Subvertidas - Blog Feminista