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Desde 14 de julho, a pergunta que ganhou as ruas continua sem resposta: “Onde está o Amarildo?”
Por Igor Carvalho
[caption id="attachment_36126" align="alignleft" width="300"] (Foto: )Fernando Frazão/ABr[/caption]
Há quatro meses, no dia 14 de julho, Amarildo de Souza foi levado para a sede da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha e torturado até a morte, segundo denúncia formal do Ministério Público. Seu corpo nunca mais foi visto. Neste período de desaparecimento do pedreiro, a esposa e os seis filhos sofreram com muitas transformações.
Hoje, Elizabeth Gomes, os seis filhos, a irmã e uma sobrinha de Amarildo recebem tratamento psicológico no valor de R$ 300 a sessão, por semana. O direito foi adquirido na Justiça e é pago pelo governo do estado.
Também por conta de uma decisão judicial, a família de Amarildo deveria receber uma pensão mensal no valor de um salário mínimo. Porém, o governo do Rio de Janeiro, descumprindo a determinação da Justiça, ainda não está repassando o valor à família.
Amarildo ganhava, por mês, meio salário mínimo trabalhando em obras. Por isso, fazia um bico carregando sacos de areia até o alto da Rocinha, nos fins de semana. Sem o dinheiro, a família tem passado necessidade.
Desde a morte do pedreiro, familiares se tornaram alvo fácil na Rocinha. O medo fez com que todos fossem morar na casa de Michelle Lacerda, sobrinha de Amarildo. São 17 pessoas pessoas morando na mesma casa.
Após campanha realizada por um grupo liderado pela produtora Paula Lavigne, uma nova casa, no valor de R$ 50 mil, foi comprada na comunidade para Elizabeth Gomes e seus seis filhos.
O desaparecimento do marido, aliado à situação difícil vivida pela família, fez com que Elizabeth voltasse a beber e usar drogas. “Meu pai segurava ela. Ele cuidava para que ela ficasse sóbria. Sem ele aqui, a gente precisa conseguir uma clínica para que ela se trate. A gente não quer interná-la, mas ela precisa de tratamento”, afirmou Anderson Gomes, filho de Amarildo, ao jornal O Globo.
Elizabeth tem recusado a internação por conta da filha de 6 anos, que só dorme com a mãe. Porém, a viúva de Amarildo concordou em se tratar com outros métodos, como um outro acompanhamento psicológico que a ajude a superar o trauma da perda do marido e da dependência química.